Todos querem Bolt: resgate de cão debilitado vira caso de polícia
Uma confusão envolvendo Bolt está mobilizando as redes sociais e a polícia. Após vizinhos de uma residência no bairro Los Angeles, em Campo Grande, se comoverem com a situação do animal, encontrado debilitado e sem comida, o caso foi compartilhado em uma rede social. Sensibilizados com a publicação, algumas pessoas entraram na casa, pegaram o cão e levaram a uma clínica veterinária para receber os tratamentos necessários, que estão sendo pagos por uma professora.
A diarista Regiane Rodrigues, 21, foi a responsável pela divulgação do caso. Preocupada com o choro de Bolt, ela conta que subiu no muro, na quinta-feira (19), e viu o cão abandonado e em condições precárias.
Foi então que ela teve a ideia de tirar uma foto da situação e compartilhar em sua página no Facebook. Duas horas depois, mais de duas mil pessoas haviam comentado o post. "Não tinha ninguém na casa, e não existia comida, água ou área coberta para ele se proteger nos dias de chuva", afirmou a mulher.
Após ver a publicação, a estudante de direito Danielly Fortilho, 29, que faz parte de um grupo de resgate de animais abandonados, foi até o local e socorreu Bolt com a ajuda de outras pessoas. “Eu entrei pelo portão da frente da casa e filmei tudo enquanto resgatávamos o cão. A mulher alegou que não tinha ninguém em casa, mas ela estava lá sim quando entramos. Quando saí, ainda gritei para ela que estava levando o animal para receber o atendimento necessário”, explicou.
Bolt foi levado para uma clínica veterinária, no bairro Vila Glória, onde passou por uma série de exames. “Fizemos o check up completo. Ele já tomou vitamina, foi vermifugado e está comendo bem”, contou Ana Lúcia Andrade, veterinária e proprietária da clínica. O tratamento está sendo pago pela professora Bruna Rojão, 29.
De acordo com a veterinária, ainda na tarde de quinta-feira (19), uma mulher que se disse dona do animal foi até o local, acompanhada por dois policiais, alegando que levaria Bolt embora. "Eu disse aos policiais que ela não poderia levar o cão, que ele está muito debilitado. Eles pediram para ver o Bolt e falaram que ele ficaria aqui e que voltariam outra hora. Até o momento ninguém o levou”, afirma Ana.
Na manhã desta sexta-feira (20), uma equipe da PMA (Policia Militar Ambiental) esteve na clínica veterinária para acompanhar o caso. "A equipe foi até lá passar as instruções para os funcionários. Caso a mulher apareça e se identifique como dona, nós vamos até o local para encaminhá-la à delegacia para prendê-la por maus tratos e abandono", disse o major Edmilson Queiroz, responsável pela assessoria de comunicação da corporação, completando que agora aguardam mais informações para fazer a investigação na casa onde o animal foi encontrado.
Violação de domicílio - Micaely Gomes Ferreira, 19, dona de Bolt, registrou um boletim de ocorrência na 2ª DP (Delegacia de Polícia) como violação de domicílio. Segundo o registrado, a mulher estava dormindo quando ouviu o barulho no portão.
Ao levantar, viu o portão aberto e quatro pessoas em frente ao local. Ela teria visto uma das pessoas segurando o animal pela coleira, momento em que pediu que elas devolvessem o cão ou chamariam a polícia. Quando os policiais chegaram, a mulher foi informada de que uma denúncia de maus tratos havia sido registrada contra ela.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, a mulher alegou que teria ganho o animal há aproximadamente duas semanas já debilitado e estaria cuidando dele, e que uma pessoa se passou por ela e autorizou a entrada das outras que o levaram do local.
O delegado da 2ª DP, Waldir Benedi, informou que o caso está sendo investigado para saber se houve mesmo maus tratos por parte de Micaely, e será encaminhado para a Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e de Proteção ao Turista).