"Um a menos", Ewerton morreu embaixo de uma árvore e sozinho
A vida do homem em situação de rua sequer foi contada em censo pendente na Capital
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Ewerton Ortiz morreu embaixo de uma árvore do Parque Jacques da Luz, em Campo Grande, nesta manhã de domingo (16). Era figura conhecida no Bairro Moreninhas por "morar" no local público.
RESUMO
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Ewerton Ortiz, um homem em situação de rua, foi encontrado morto sob uma árvore no Parque Jacques da Luz, em Campo Grande. Conhecido na região, Ewerton enfrentava problemas com alcoolismo e vivia em condições precárias. Apesar dos esforços de familiares e vizinhos para ajudá-lo, ele recusou tratamento médico recentemente. A morte de Ewerton destaca o aumento da população de rua na cidade, agravado pela pandemia, e a falta de dados oficiais sobre essas pessoas, dificultando a assistência necessária. A prefeitura ainda não divulgou um censo prometido para entender melhor essa situação.
Vivo ou morto, o corpo de Ewerton é um dos que não costuma ser notado. Ele está em situação de rua desde que começou a ficar dependente da bebida.
Vizinhos chamaram a polícia ao perceberem que o homem, de 42 anos, parecia não respirar mais. Quem chegou foi a Guarda Civil Metropolitana.
Viatura de resgate estacionou e foi constatada a morte natural do corpo ainda quente, então coberto com um lençol branco. Ficaram de fora apenas os pés encardidos.
O irmão acompanhou a remoção. Não quis se identificar, mas contou que chegou a levá-lo a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento Médico) na semana passada.
"Estava com diarreia e se sentindo mal. O médico pediu para ele ficar, porque deu alteração nos exames, mas o Ewerton foi embora e voltou para o parque antes de receber alta", disse.
As condições de higiene em que vivia podem ter facilitado alguma infecção, mesmo o irmão e moradores das proximidades tentando garantir o mínimo.
A mãe dos dois e de um terceiro irmão faleceu há cinco anos. Era a que mais tentava dar suporte ao dependente químico. "Depois que ela se foi, desandou", lembra.
O outro irmão construiu um cômodo nos fundos de casa para Ewerton viver numa época. "Mas se a coisa começava a apertar, ele saía. Não era uma pessoa viciada em drogas ou que cometia furtos, mas era difícil o vício em álcool", continua.
Nesse período, ficou internado em uma clínica de reabilitação por um ano, mas recaiu.
"Um a menos" - O homem é o "um a menos" que não faz diferença para quem prega internação permanente ou outra coisa que faça pessoas em situação de rua sumirem de vista.
Campo Grande e outras cidades enfrentam um aumento da população de rua desde a pandemia de covid-19. No caso da capital, ele ainda é apenas visível, já que a prefeitura não sabe quantas pessoas estão nessa situação.
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Nem todos os pontos fixos ocupados por elas são conhecidos. Tanto é que, segundo a coordenação do Consultório de Rua, projeto que leva assistência in loco às pessoas em situação de rua, o Parque Jacques da Luz não está na lista de visitas. "Vamos explorar", garantiu.
A prefeitura anunciou há mais de um ano que faria um censo dessa população. Porém, o resultado não foi publicado até agora. O Campo Grande News perguntou à assessoria de imprensa de plantão em que pé está o trabalho. Não houve retorno até a publicação desta matéria.
Saber a quantidade, idades e origens das pessoas que moram em calçadas, praças e parques é crucial para o Poder Público pensar no que fazer para dar toda a assistência possível e necessária, que Ewerton não teve.
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