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Capital

Venda de produtos furtados ou roubados é prática comum na antiga rodoviária

Pessoas que vivem na região falam um dia após operação contra tráfico de drogas e receptação que levou 7 para a delegacia

Ronie Cruz | 20/06/2019 13:55
Fachada do antigo Terminal Rodoviário de Campo Grande no bairro Amambaí (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada do antigo Terminal Rodoviário de Campo Grande no bairro Amambaí (Foto: Henrique Kawaminami)

A venda de produtos furtados no entorno da antiga rodoviária de Campo Grande, que levou ao desencadeamento da Operação Coirmãs das polícias Civil e Militar, é uma prática comum atribuída aos usuários de drogas que perambulam pela região, conforme relatos de pessoas ouvidas pelo Campo Grande News.

A ação deflagrada na quarta-feira (19) contra tráfico de drogas e receptação levou sete detidos para a delegacia. No dia seguinte à operação, a movimentação era grande no prédio praticamente abandonado.

“Já chegaram pessoas oferecendo coisa aqui. Toda hora aparece. Ontem mesmo depois da operação apareceu um oferecendo uma bicicleta. Mas já ofereceram televisão também. Eu compro roupas usadas para vender, mas só com procedência. Do contrário não tem negócio”, disse o comerciante Carlos Antônio da Costa, 40.

Comerciante Carlos Antônio da Costa diz que repercussão negativa prejudica comércio local (Foto:
Henrique Kawaminami)
Comerciante Carlos Antônio da Costa diz que repercussão negativa prejudica comércio local (Foto: Henrique Kawaminami)

Dono de uma loja de roupas e sapatos usados na rua Joaquim Nabuco, Costa reconhece a importância do trabalho dos policiais, mas disse que o fato é mais um que repercute negativamente sobre a região e prejudica o comércio local.

Na mesma rua, donos de negócios alvos da operação na quarta-feira (19) são suspeitos de receberem produtos furtados ou roubados pelos dependentes químicos, que depois eram revendidos. Segundo a PM, os estabelecimentos perderam o sentido depois que a rodoviária foi desativada e se tornaram um mercado paralelo ao tráfico de drogas.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em quatro hotéis e cinco residências. Em um dos hotéis, os policiais encontraram um depósito com dezenas de objetos sem origem declarada, como motosserras, ferramentas usadas na construção civil, utensílios e outros objetos de uso doméstico. A polícia estima que tenham sido apreendidos cerca de R$ 500 mil em produtos roubados.

“Aqui todo dia tem gente oferecendo mercadoria. Semana passada um homem queria vender um carrinho de mão e uma escada novinha por R$ 10. Daí eu disse que não queria e ele disse que fazia tudo por R$ 7. Só uma escada daquela custa R$ 150”, disse o taxista Carlito Tavares Flor, 77.

Um dos moradores mais antigos do bairro, o aposentado José Salazar, 80, viu a desvalorização dos imóveis na região se agravar depois que a rodoviária foi desativada. “Depois que abandonaram essa rodoviária virou bagunça. Esse prédio aqui na frente faz uns quinze anos que está para alugar. É tão perto do centro, mas falta carinho com essa região", reclamou.

Reportagem do Campo Grande News flagrou homem pulando grade nesta quinta-feira (20) perto do antigo Terminal (Foto: Henrique Kawaminami)
Reportagem do Campo Grande News flagrou homem pulando grade nesta quinta-feira (20) perto do antigo Terminal (Foto: Henrique Kawaminami)

Prisões - No total, sete pessoas donos de hotéis e funcionários foram levadas à delegacia para prestarem esclarecimentos. Todos eles já têm passagem por tráfico de drogas.

Um dos presos é Tiago Vieira Evangelista, conhecido como Tiago Loucão. Ele tinha contra si mandado de prisão em aberto e é acusado de matar e decapitar Geneir José da Silva, em agosto do ano passado, em Uruana, interior de Goiás. O corpo da vítima também foi encontrado parcialmente queimado.

A operação foi batizada de Coirmãs por ter sido deflagrada pelas polícias Civil, sob a coordenação da 1ª DP (Delegacia de Polícia), e Militar, com a participação da equipe do 1º BPM, do Choque e outras unidades.

Terminal Rodoviário desativado virou ponto de encontro de usuários de drogas (Foto: Henrique Kawaminami)
Terminal Rodoviário desativado virou ponto de encontro de usuários de drogas (Foto: Henrique Kawaminami)
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