Vítimas de acidente apelam à Justiça por indenização maior do DPVAT
Insatisfeitos com o valor pago pelo DPVAT (seguro obrigatório), vítimas de acidentes de trânsito recorrem, cada vez mais, à Justiça em busca de indenização maior. E para agilizar o julgamento, a o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul começou, nesta segunda-feira, o 4º mutirão, que irá analisar 364 casos.
O atendimento é feito com hora marcada. A pessoa passa pela perícia médica e logo após segue para a audiência de conciliação com o advogado da seguradora, da parte, a pessoa interessada e o juiz.
Na maioria dos casos, os envolvidos em acidentes já receberam algum valor de forma administrativa, mas não ficaram satisfeitos com as indenizações pagas pelo DPVAT. Este foi o caso da aposentada Maria Helena Menezes, 65 anos, que mora em Bonito e está há um ano e quatro meses aguardando o julgamento.
"Eu me envolvi em um acidente quando vinha na preferencial de bicicleta e o carro não me viu, acabei batendo e caindo. Trinquei a vértebra e não colou mais. Gasto muito com os remédios", contou. Como ainda gasta muito, ela recorreu à Justiça para obter ajuda para o tratamento. Ela chegou com 40 minutos de antecedência e fechou um acordo, apesar de não ter ficado satisfeita com o valor definido.
"Eu esperava mais, não era bem o que eu queria, mas devido ao trâmite (que pode demorar muito mais) e por eu morar longe resolvi aceitar os R$ 843 como complementação dos R$ 1.877,00 que eu já havia recebido do DPVAT" disse Maria Helena.
O cobrador Eliovaldo Silva Santos, 34, está afastado há um ano e três meses do serviço devido ao acidente com moto, no qual perdeu o movimento dos pés e fraturou o tornozelo. Ele passou por seis cirurgias e ainda precisa passar por pelo sétima operação. Na fase administrativa, recebeu R$ 2,5 mil.
Ele não aceitou o acordo para receber um adicional de R$ 2.129,00, porque perdeu o movimento dos dedos. No entanto, na audiência, não houve acordo porque não houve amputação nem perda de movimento total dos membros. O trâmite do processo deve durar de 60 a 90 dias até a publicação da sentença.
"Agora vou esperar a decisão do juiz diante desta proposta, porque não aceito já que estou na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) há mais de um ano para operar e o valor oferecido não me ajudaria em todos os gastos que eu terei" afirmou Eliovaldo.
Alexandre da Silva Rodrigues,26, encarregado de escrita fiscal, sofreu um acidente de moto há um ano e não ficou satisfeito com os R$ 3,2 mil que recebeu e acionou a Justiça. Ele contou que ainda sente dores no tornozelo e espera uma compensação maior pelo acidente.
A doméstica Ana Lúcia Lopes Damazio, 31, estava aguardando a conciliação, mas adiantou que aceitará qualquer valor, porque quer acabar logo com o processo. Ela se envolveu em um acidente no Parque dos Poderes há dois anos quando voltava para casa de bicicleta. Na época recebeu R$ 1,6 mil e resolveu procurar a Justiça porque lhe afirmaram ser muito pouco diante do ocorrido que há fez ter que parar de trabalhar.
Ela alega que não consegue mais realizar serviços pesados com o braço direito. No entanto, sinalizou que estava disposta ao acordo e aceitaria até R$ 800.
O objetivo, segundo o coordenador do Mutirão da Justiça, Ariovaldo Nantes Correa, juiz da 8ª Vara Cível, é agilizar os julgamentos sobre o seguro obrigatório.
O mutirão do DPVAT, no Forúm de Campo Grande acontece até a próxima sexta-feira (17). Nas primeiras três semanas, 360 pessoas passaram no Fórum da Capital. Cerca de 60% das ações terminaram em acordo, segundo o magistrado.
já recebeu cerca de 360 pessoas durante as primeiras três semanas que representam cerca de 60% dos casos encerrados com acordo aceito pela vítima. As três edições deste ano registraram 537 acordos.