Com coleta parada, produtores estão "no limite" para não descartar leite
Não houve descarte do material, mas se até amanhã (24) não houver coleta, categoria terá prejuízo.
É com apreensão que os produtores de leite observam a greve nacional dos caminhoneiros, que já dura três dias com cerca de trinta pontos de interdição em Mato Grosso do Sul. Até o momento não se tem notícia de descarte do produto no estado, mas a categoria estabelece esta quinta-feira (24) a data "limite" para evitar o derramamento.
“Tenho a informação de que os caminhões da Imbaúba saíram para coletar o leite, mas não chegaram às propriedades. Então, não teve coleta e muito produtor está com mercadoria parada. Pode perder", diz o presidente do Conseleite (Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite em Mato Grosso do Sul), Wilson Igi.
Ele conta ainda que uma carreta carregada com leite, indo a Bandeirantes, teve a passagem autorizada. Entretanto, segundo Wilson, um veículo da Camby carregado não conseguiu distribuir o produto empacotado no município de Dourados.
“Se o caminhão do laticínio não vier buscar minha mercadoria até amanhã, por exemplo, terei de jogar fora cerca de 2 mil litros, um prejuízo de R$ 2,5 mil, em média", calcula.
Ele explica que a entrega de leite aos laticínios, geralmente, acontece a cada dois dias. O último ocorreu na segunda-feira (21), quando os protestos nas rodovias tiveram início.
Em todo o estado, são 24 mil produtores rurais, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Mas deve ter caído para uns 16 mil. O consumo de leite vem diminuindo. Uma queda de 30% em três anos”, calcula.
São mais de trinta pontos de bloqueios em Mato Grosso do Sul. Nesta tarde (23), cerca de mil manifestantes se reuniram na BR-163, na altura do Posto Caravaggio, no anel viário de Campo Grande. O protesto ganhou adesão de motoristas de aplicativos de transporte urbano e moto entregadores.