Idade e imagem de dona de casa dificultam busca por emprego, reclamam mulheres
Elas relatam que durante entrevista de emprego ficam constrangidas ao ouvir: “eu queria uma pessoa mais jovem”
Imagem de dona de casa e idade são barreiras na hora de conseguir emprego, reclamam mulheres na faixa dos 50 a 60 anos. Apesar de ainda faltar 11 anos para se aposentar, com a idade até no nome, Senhorinha Hilária, de 51 anos, relata que durante a busca por trabalho, constrangida já escutou coisas como: “Eu queria uma pessoa mais jovem”.
Ela mora sozinha e durante os cinco meses em que está desempregada realizou diárias para conseguir pagar o aluguel. Antes de voltar para o “banco de espera” do mercado de trabalho, ela trabalhou como atendente e garçonete de restaurante.
“Eles falam como se a gente não fosse capaz de fazer o serviço. Às vezes a pessoa exige muito e paga pouco e a gente fica na correria por conta disso. Agora quero algo fixo, porque um emprego registrado é bem melhor”, pontuou outras dificuldades.
“É um balde de água fria”, concorda Terezinha Ximenes, de 67 anos, que diz não conseguir emprego por conta da idade. Apesar de estar aposentada há cerca de quatro anos, a idosa procura por uma vaga de emprego para conseguir complementar a renda.
“Pra mim tanto faz ser registrada ou não ser registrada, o importante é estar trabalhando. O problema é que muita das vezes a gente fala com a pessoa por telefone, daí fala a idade e já é um balde de água fria, porque muita das vezes eles acham que é uma pessoa raquítica e que não consegue trabalhar”, disse.
Nesta terça-feira (12) a Funtrab está realizando o ‘Feirão Emprega Mulher’, com vagas destinadas ao público feminino, além de debates sobre a situação no mercado de trabalho.
Desempregada há dois anos, Vilma Ribeiro, de 62 anos, trabalhou por muito tempo como pedagoga, mas tem encontrado dificuldade de conseguir um emprego formal. Enquanto espera por uma vaga, a idosa tem realizado bazares e vendas de pão para conseguir complementar a renda da casa.
“Isso [o feirão de emprego] é muito bom porque é a valorização feminina, porque a gente deixa de ter aquele papel só de mãe e dona de casa. Isso é muito importante porque valoriza a vida, somos mulheres, mas somos um seres. Essa ligação com o trabalho doméstico é uma dificuldade imensa para todas as mulheres”, disse.
Para a psicóloga e integrante do Conselho Municipal e Estadual dos Direitos dos Idosos, Irma Macário, a falta de qualificação e conscientização das empresas são os maiores empecilhos na hora dos idosos conseguirem uma colocação no mercado de trabalho.
“O mais importante é que o fato de ter 50 a 60 mais não significa que não possam entrar no mercado de trabalho, na verdade há muitas vantagens, elas já são treinadas, já estão inseridas no mercado de trabalho, tem a compreensão da realidade e da vivência do trabalho”, pontua.
Além da renda que é acrescentada durante o trabalho, a psicóloga relata que o emprego auxilia na saúde do idoso. Irma explica que ao fazer parte de um círculo social é prevenindo algumas doenças psicológicas, como ansiedade e depressão. “É importante as empresas compreenderem que esse público vão agregar valor para a empresa”, diz.
Feirão - A Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul faz a campanha especial, de 8h às 16h, em comemoração ao Dia da Mulher, na sede da Funtrab que fica na Rua 13 de maio, 2.773, entre as Ruas Cândido Mariano e Dom Aquino.
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