O mais procurado no mercado, pedreiro é exemplo de profissional em escassez
Funsat tem lista de vagas abertas, com alta demanda de contratantes, mas poucos interessados
Mesmo em um cenário de desemprego, muitos contratantes enfrentam dificuldade para encontrar profissionais certos para preencher determinadas vagas, principalmente nas áreas que precisam de mão de obra qualificada. Uma das funções mais difíceis de preencher está na área da construção civil, especificamente, a profissão de pedreiro. Também estão na lista mecânico de refrigeração de automóveis, eletricista, técnico de máquinas industriais, padeiro e açougueiro.
Segundo a administradora de vagas da Funsat (Fundação Social do Trabalho), Rosemeire Fróes, o trabalhador que tem a mão de obra mais especializada nesses segmentos já está muito bem colocado no mercado de trabalho, com valorização profissional, ou opta por atuar de forma autônoma. Um dos motivos é o salário, pago para a categoria, mas que não desperta o interesse quando se fala em mão de obra qualificada. “A oportunidade de colocação nessas vagas é bem escassa pra gente”, destacou.
Conforme a Funsat, os salários oferecidos para algumas dessas funções variam de R$ 1.800 a R$ 2.500. Rosemeire explicou que o pedreiro, por exemplo, prefere trabalhar de forma autônoma porque o que a empresa paga em um mês ele recebe em uma semana.
O pedreiro Fábio Ferreira dos Santos, de 29 anos, trabalha na construção civil há 5 anos. Ele começou como autônomo, mas um amigo abriu empresa e o chamou para fazer parte da equipe. Indagado se prefere trabalhar de forma autônoma ou com carteira assinada, o trabalhador não tem dúvidas de que compensa trabalhar por conta.
“Dá para fazer em média uns R$ 7, R$ 8 mil por mês [de forma autônoma]. Já empregado, a gente recebe por diária, somando R$ 3.600 por mês. De carteira assinada, a pessoa está assegurada e tem os benefícios, por conta a pessoa é ela por ela mesma. Tem de se virar para dar um jeito de se garantir”, disse.
Segundo o pedreiro, mesmo assim, quando terminar a obra pretende voltar para o mercado informal, porque o salário que recebe atualmente não é o suficiente. Outro atrativo para os profissionais autônomos é a flexibilidade de horários. Muitas pessoas preferem este tipo de trabalho por ser mais fácil de conciliar as atividades profissionais com a vida pessoal.
O trabalhador Victor Sobral, de 19 anos, era autônomo, mas atualmente prefere trabalhar com carteira assinada, por ter benefícios e o pagamento garantido no começo do mês. Com salário de R$ 2.600, o pedreiro disse que mora sozinho e por enquanto consegue se manter com esse valor. “Você não precisa se preocupar se vai ter trabalho ou não. Dia 5 o dinheiro está na conta. Se eu me machucar, tenho seguro. Se eu sair, tenho o fundo de garantia”, destacou.
Além da falta de mão de obra para preencher uma vaga, outra questão levantada pela Funsat está na grande rotatividade principalmente no setor dos mercados atacadistas. O diretor-presidente da Fundação Social do Trabalho, Paulo da Silva, explicou que boa parte desse rodízio está relacionada com o salário que é baixo e com a carga horária de trabalho.
“Se o profissional acha emprego em outra área que remunera melhor, ele acaba abandonando a função. É importante dizer também que nessa área dos atacadistas, a carga horária é de domingo a domingo com uma folga na semana. Hoje, as pessoas querem um pouco mais de qualidade de vida”, afirmou. Nesta quinta-feira, são oferecidas diversas oportunidades pela Funsat, entre elas estão 41 vagas para pedreiro e 260 para operador de caixa.
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