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Empregos

Órgãos pedem que MPF investigue trabalho escravo de índios de MS

Mariana Rodrigues | 06/03/2015 18:35
Membros do CDDH (Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos) procuraram o Ministério Público Federal para formalizar um documento, a fim de que o órgão investigue a situação dos índios. (Foto: Mariana Rodrigues)
Membros do CDDH (Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos) procuraram o Ministério Público Federal para formalizar um documento, a fim de que o órgão investigue a situação dos índios. (Foto: Mariana Rodrigues)

Nesta sexta-feira (2), membros do CDDH (Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos) procuraram o Ministério Público Federal para formalizar um documento, a fim de que o órgão investigue a situação análoga a escravidão, pela qual os índios Terenas que saíram de Miranda - distante a 201 quilômetros de Campo Grande, estão vivendo.

Os indígenas saíram do Estado para trabalhar na colheita de maçã, na empresa agropecuária, localizada na região de Vacaria, no Rio Grande do Sul, com a promessa de ganhar até R$ 4 mil por mês, mas ao chegarem lá não tiveram suas carteiras de trabalho assinadas e os empresários não cumpriram com o que foi acordado entre eles antes da viagem.

As negociações eram feitas diretamente entre o cacique da Aldeia Moreira e um representante da empresa, o cacique anunciava as vagas que sempre foram exclusivas para essa aldeia, mas desta vez, o índigena estendeu o convite também para a aldeia Cachoeirinha.

Cerca de 100 indígenas foram levados para o Rio Grande Grande do Sul, sendo que 35 voltaram para Miranda no final de fevereiro, após não aguentarem a situação em que estavam vivendo. Desses 35, apenas 15 assinaram a denúncia contra a empresa, pois os outros 20 não estavam no momento em que as assinaturas foram colhidas.

De acordo com o coordenador Geral do CDDH, Edivaldo Bispo Cardoso, grupos de 10 indígenas tinham uma meta diária de encher 25 caixas com maçãs, que equivaliam a 90 sacolas de supermercados. "Como eles não tinham experiência, não conseguiam cumprir essa meta e acabavam sendo humilhados verbalmente", relatou.

Além dos índios, o local abrigava ainda 200 trabalhadores que dividiam um banheiro com três sanitários e seis chuveiros. "Os índios viviam em um alojamento, e em cada quarto ficavam 12 pessoas que dormiam em beliches e não tinham onde colocar suas coisas", disse Cardoso.

Os índios procuraram o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul e denunciaram a situação, uma equipe foi até o local para realizar uma fiscalização e só então os índios tiveram suas carteiras de trabalho assinadas e foram liberados para voltarem para MS. Pelos 15 dias trabalhados, eles receberam R$ 125.

Outro fato narrado pelo Assessor Jurídico do CDDH, Anderson Santos, era que os indígenas não tinham banheiros químicos no local da colheita. A alimentação era feita sem o minimo de higiene, e eles não podiam sair do alojamento."Não recebemos informações de que eles tenham sofrido algum tipo de violência, mas eram submetidos a várias humilhações durante o expediente de trabalho, inclusive eram obrigados a trabalhar mesmo estando doentes", comentou.

Santos informou ainda, que há informações que índios Guarani também estejam trabalhando no local. Outro fato é que um índio, que não foi identificado, foi preso durante a colheita e a empresa não prestou nenhum tipo de informação para a família que até agora não sabe o motivo da prisão.

Essa já é a segunda vez que a empresa é denunciada por trabalho escravo, anteriormente ela contratava índios da etnia Kigang, da região de Vacaria, porém após as condições de trabalho pela qual eram submetidos, eles pararam de prestar serviços para a empresa que acabou procurando os indígenas de Mato Grosso do Sul.

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