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Cidades

Famílias e comércios invadem área de 16 ha na Tamandaré

Redação | 24/11/2010 07:59

Quase trinta anos depois de ter sido utilizada para depósito de lixo e em meio a uma disputa judicial, uma área de 16 hectares na avenida Tamandaré, em Campo Grande, chamada de Bosque da Saúde, sofreu ocupação maciça nos últimos dois anos.

Esse é o mesmo período em que saiu uma decisão judicial concedendo aos herdeiros do dono da área direito a indenização. Como o interesse destes é o ressarcimento pelo uso e não mais a área, várias pessoas ocuparam o local depois da sentença, mas sem regularização da área.

A alegação da Defesa dos herdeiros na ação indenizatória é de que a Prefeitura usou o espaço que pertencia à Sociedade Imobiliária Sumaré na década de 80 para retirar aterro e depois jogou lixo no local, deixando-o desvalorizado por ser inabitável.

Conforme o advogado Edson Macari, que defende os filhos do falecido dono da imobiliária, perícia técnica atestou que a área que está em disputa judicial é inabitável pelas próximas décadas devido à quantidade de lixo que há no solo. A família pede uma indenização milionária.

O curioso é que apesar dos laudos de solo impróprio a ocupação só aumenta sem nenhuma restrição, assim como o valor dos lotes. São casas com hortas, comércios e até residências de aluguel, tudo em cima do solo considerado impróprio.

Uma das moradoras mais antigas da área, que pediu para não ser identificada, conta que basta remexer a terra no quintal para encontrar lixo de vários tipos. Ela detalha que para plantar horta precisou aterrar parte do lote. Mesmo assim não cogita deixar a área.

Chamado de Bosque da Saúde, o bairro está no quadrilátero formado pelas ruas: Mirabela à Três Maios e da General Benedito Xavier até a avenida Tamandaré.

Desempregada e com um filho de oito anos, Valdirene Pereira, de 33 anos, vendeu sua casa no Vida Nova para comprar um terreno de 12x30m no Bosque da Saúde pelo valor de R$ 8 mil.

"Fico com medo de despejarem, mas onde eu morava era pior porque tinha assalto todo dia", relata. Apesar de ainda não ter infra-estrutura, a área de ocupação fica mais próxima do Centro, defende Valdirene.

Ela diz que tem esperança de um dia receber a escritura do lote onde construiu duas peças e um banheiro, mas não esconde o temor de perder o que investiu. "A gente corre o risco de ser despejado", teme.

Para a dona-de-casa Mikaeli Aparecida Valetim, de 20 anos, que mora há dois anos no loteamento, nem de longe é o fato de morar sobre um antigo lixão que incomoda. "Até hoje a gente vive nessa guerra para saber se vai regularizar. A gente quer resposta, saber o que vai acontecer com essa área", diz.

Mikaeli revela que a procura é grande pelos lotes, de onde é possível ver o restante da cidade, e o preço de comercialização que começou com R$ 1.000,00 hoje chega a R$ 20.000,00.

Enquanto ocupam a área, muitos moradores já têm até pago os impostos em nome da imobiliária.

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