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Cidades

Gaeco acusa coronel de usar cargos na PM para ajudar organização criminosa

Admilson Cristaldo Barbosa deu comando a dois policiais militares para manterem rota de contrabando de cigarros

Izabela Sanchez | 18/06/2018 15:27
Admilson foi preso em 16 de maio, primeira fase da operação Oiketicus,(Foto: Fernando Antunes)
Admilson foi preso em 16 de maio, primeira fase da operação Oiketicus,(Foto: Fernando Antunes)

O tenente-coronel da Polícia Militar em Jardim, Admilson Cristaldo Barbosa, valeu-se de cargos da Polícia Militar para manter esquema de corrupção que permitia o contrabando de cigarros na região de Bonito, a 257 km da Capital. É o que destaca denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) à Justiça Militar. O grupo é um braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Conforme a denúncia o coronel comandava um dos “núcleos” do esquema de corrupção, na rota de Bela Vista, Jardim, Guia Lopes da Laguna e Bonito, junto a outros 15 policiais militares. Segundo o Gaeco, o coronel “deu aval” para que o Sargento Angelucio Recalde Paniagua assumisse o comando do 11º Batalhão de Guia Lopes da Laguna, o que foi confirmado pelo próprio Admilson em depoimento.

“Ao invés de tomar providências para investigar e punir o PM Angelucio Recalde Paniagua em razão de seu envolvimento e atuação junto a contrabandistas de cigarro, alçou-o ao Comando de Guia Lopes de Laguna, justamente por se tratar de área estratégica para o escoamento de mercadorias ilegais”, afirma o relatório do Gaeco.

Além de Angelucio, Admilson atuou para promover o Sargento Jhondei Aguilera para o comando do 3º GPM , distrito de Boqueirão. O Coronel “mantinha funções estratégicas dentro do batalhão de Jardim, especificamente nas funções de comandante do GPM Guia Lopes da Laguna e do GPM Distrito de Boqueirão, os policiais Angelucio Recalde Paniagua e Jhondei Aguilera, justamente por fazerem parte do esquema associativo criminoso”.

Luxo – Como prova do esquema, o Gaeco cita a vida luxuosa de Admilson. Entre 2015 e 2018, são relacionadas viagens (R$ 8 mil por duas noites no Rio de Janeiro), tour de motocicleta por seis países, compras na Prada Brasil, banheira de R$ 28 mil e whisky de R$ 1.490.

Além do alto padrão de vida do policial, incompatível com seus ganhos segundo o Gaeco, a denúncia cita uma queda de 76% nas ocorrências de contrabando e descaminho na região no período em que a organização teria atuado.

Entre os dias 21 de abril de 2014 e 20 de abril de 2016 foram 63 ocorrências de contrabando e descaminho. Já entre os dias 21 de abril de 2016 e 21 de abril de 2018 esse número cai para 15. Conforme a denúncia, Mato Grosso do Sul é responsável poir 48% do cigarro contrabandeado no Brasil.

Recomendação – Outros depoimentos, aponta o Gaeco, corroboram o esquema de uso das patentes para favorecer crimes. Depoimento da testemunha Major Adriano Rodrigues de Oliveira destacou que os dois policiais promovidos são “dois nomes que jamais colocaria para comandar”, e que “não queria eles nem no Batalhão”.

Ele teria orientado Admilson “de que não seria bom colocar Angelucio no comando do distrito de Boqueirão e foi ignorado pelo comandante”.

O Gaeco identificou dois núcleos onde atuavam os policiais militares. Além do região de Bonito, outro núcleo atuava em Maracaju, Dourados, Naviraí, Mundo Novo, Iguatemi, Japorã e Eldorado.

Conforme o relatório, o grupo afastava os policiais dos caminhos de circulação do contrabando ou mesmo deslocava guarnições inteiras para outros pontos para que os produtos fossem transportados sem interferências.

Preso em 16 de maio, na primeira fase da operação Oiketicus, Admilson Cristaldo Barbosa foi denunciado por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A defesa do coronel informou hoje ao Campo Grande News que só se manifesta nos autos.

Operação – A Operação Oiketicus teve três fases; Na primeira, realizada em 16 de maio, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva contra policiais: três oficiais e 45 mandados de busca e apreensão. O saldo total foi de 21 prisões porque um sargento acabou preso em flagrante.

A segunda etapa aconteceu no dia 23 de maio, com mandado de busca e apreensão na casa e escritório de servidor do TCE (Tribunal de Contas do Estado). A terceira fase foi em 13 de junho, com mais oito prisões de policiais militares. Nome da operação, oiketicus é um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”.

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