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Cidades

Denúncia contra PM cita R$ 8 mil por 2 noites no RJ e whisky de R$ 1.490

"Admilson Cristaldo Barbosa goza de padrão de vida totalmente incompatível com seus rendimentos como policial militar", diz Gaeco

Aline dos Santos | 18/06/2018 11:30
Piscina no terraço do hotel Pestana Rio Atlântica.
Piscina no terraço do hotel Pestana Rio Atlântica.

A denúncia da operação Oiketicus, que investiga a participação de policiais militares na “Máfia do Cigarro”, traça um cenário de ostentação para o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, que comandava a PM (Polícia Militar) em Jardim. Entre 2015 e 2018, são relacionadas viagens (R$ 8 mil por duas noites no Rio de Janeiro), tour de motocicleta por seis países, compras na Prada Brasil, banheira de R$ 28 mil e whisky de R$ 1.490.

“Admilson Cristaldo Barbosa goza de padrão de vida totalmente incompatível com seus rendimentos como policial militar, a exemplo de aquisição de motos de luxo, carros importados, roupas de grife, viagens internacionais”, informa o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) à Justiça Militar. O grupo é um braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Segundo o documento, apenas com os gastos ordinários, pagamentos de empréstimos, entre outras despesas, toda renda do denunciado fica comprometida, inexistindo margem que justifique a aquisição de bens vultosos. A quebra de sigilos, incluindo o armazenado em “nuvem”, um disco virtual, mostra viagens para Rio de Janeiro, Bonito, Florianópolis e Natal.

O relatório destaca o pagamento de quase R$ 8 mil, em agosto de 2016, por duas diárias no hotel 5 estrelas Pestana Rio Atlântica Copacabana (RJ), que em 2017 passou a ser 4 estrelas. O pagamento primeiro foi parcelado em dez vezes, mas houve estorno dos valores.

Para a promotoria, indício de que, no local, o pagamento foi realizado de outra forma, “podendo até mesmo ser realizada à vista”, aponta o relatório. A hospedagem foi para duas pessoas.

De janeiro de 2018, a investigação pinçou uma excursão de Admilson, com uma motocicleta BMW, por Bolivia, Panamá, Colômbia, Honduras, México e Estados Unidos. Os gastos previstos por integrantes do grupo era de R$ 10 mil. A moto teve custo de R$ 78.209,99.

Admilson foi preso em 16 de maio, primeira fase da operação Oiketicus,(Foto: Fernando Antunes)
Admilson foi preso em 16 de maio, primeira fase da operação Oiketicus,(Foto: Fernando Antunes)

“A título de ilustração da vida à revelia da compatibilidade de seus vencimentos, válido citar um caso em que fotos tiradas pelo próprio denunciado Admilson se constata ostentação com a compra de uma garrafa whisky Royal Salute, em restaurante Ocean Blue, que somado ao encargos e a compra de água, atingiu o montante de R$ 1.701,78”. A bebida alcoólica teve custo de R$ 1.490. A conta foi dividida por duas pessoas.

Ainda de acordo com o Ministério Público, banheira de R$ 28 mil e compras na Prada Brasil foram custeadas em dinheiro, pois não tem saída do valor de contas bancárias nem registro no cartão de crédito. Conforme consulta ao Portal da Transparência do governo, a remuneração do coronel, após deduções obrigatórias, foi de R$ 17.586 em abril.

Preso em 16 de maio, na primeira fase da operação Oiketicus, Admilson Cristaldo Barbosa foi denunciador por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A defesa do coronel informou hoje ao Campo Grande News que só se manifesta nos autos.

Etapas - Na primeira fase, realizada em 16 de maio, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva contra policiais, sendo três oficiais, e 45 mandados de busca e apreensão. O saldo total foi de 21 prisões porque um sargento acabou preso em flagrante.

A segunda etapa aconteceu no dia 23 de maio, com mandado de busca e apreensão na casa e escritório de servidor do TCE (Tribunal de Contas do Estado).

A terceira fase foi em 13 de junho, com mais oito prisões de policiais militares. Nome da operação, oiketicus é um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”.

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