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Cidades

Gaeco buscou provas contra mais 12 PMs em combate à Máfia do Cigarro

Conforme procedimento investigatório criminal, não existem, até o momento, “elementos probatórios suficientes a ensejar a decretação da prisão preventiva”

Aline dos Santos | 23/05/2018 10:58
Policial preso cobre o rosto ao chegar preso à Corregedoria da PM.  (Foto: Fernando Antunes)
Policial preso cobre o rosto ao chegar preso à Corregedoria da PM. (Foto: Fernando Antunes)

Os tentáculos da Máfia do Cigarro na Polícia Militar, investigados na operação Oiketicus, pode se estender por mais 12 policiais. A informação consta no relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), um braço do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Na semana passada, foram presos 21 policiais militares. Para os demais, foram cumpridos mandados de busca e apreensão.

Conforme o procedimento investigatório criminal do Gaeco, não existem, até o momento, “elementos probatórios suficientes a ensejar a decretação da prisão preventiva” . Os policiais em investigação são lotados em Japorã, Bela Vista, Maracaju, Três Lagoas, Bonito, Naviraí, Brasilândia.

Em dois casos, a suspeita deriva de apreensão de mil caixas de cigarro contrabandeado no dia 24 de julho de 2017 em Naviraí, município da rota do crime. Na ocasião, foi apreendido uma planilha com um batedor do carregamento. A lista tinha nomes e valores de R$ 560 a R$ 10 mil, que, traduzido pelos investigadores, representa o preço de cada um. A suspeita é que “Novaes” e “Tia”, ambos com valor de R$ 10 mil, sejam policiais e, na época, tinham cargos de comando.

A lista também tem sargento que já foi alvo de operação da PF (Polícia Federal) em 2007. Os crimes investigados eram contrabando, trafico e lavagem de dinheiro. Já em janeiro deste ano, a Ouvidoria da PM recebeu denúncia de que em Japorã o pagamento chega a R$ 15 mil por “noite de trabalho em prol do contrabando de cigarro”.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em busca de provas. “Já que as interceptações da comunicações telefônicas e demais diligências operacionais não estão sendo suficientes para desvendar todo o esquema criminoso”. O relatório destaca que os investigados são policiais militares treinados, que preferem aplicativo de mensagem e evitam falar ao telefone, justificando, portanto a necessidade de apreensão dos celulares.

Operação do Gaeco aponta propina de até R$ 100 mil para policiais. (Foto: Fernando Antunes)
Operação do Gaeco aponta propina de até R$ 100 mil para policiais. (Foto: Fernando Antunes)

Frentes – As apurações dividiram o esquema em duas frentes criminosas. A primeira agia na região de Bela Vista, Bonito, Guia Lopes da Laguna e Jardim, incluindo unidades no distritos de Alto Caracol e Boqueirão.

Os pontos eram estratégicos para a circulação de carretas e onde investigados no esquema usavam das patentes maiores para pressionar soldados e cabos a liberarem cargas de cigarros –nem sempre com resultado positivo, frisa a acusação.

O segundo núcleo abrangia as cidades de Dourados, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Iguatemi, Japorã e Eldorado. Conforme o Gaeco, a remuneração para os policiais variava de R$ 2 mil por mês a R$ 100 mil.

Presos – Na primeira fase, realizada no dia 16 de maio, a operação Oiketicus prendeu 21 policiais, sendo 20 prisões preventivas e uma em flagrante. O sargento Ricardo Campos Figueiredo foi preso por posse de arma ilegal de uso restrito em Campo Grande. Na sequência, foi posto em liberdade pelo TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Os outros 20 presos são três oficiais e 17 praças. A lista de oficiais tem Admilson Cristaldo Barbosa, Luciano Espindola da Silva e Oscar Leite Ribeiro (oficiais). Os praças são Anderson Gonçalves de Souza, Angelucio Recalde Paniagua, Aparecido Cristiano Fialho, Claudomiro de Goez Souza, Clayton de Azevedo, Elvio Barbosa Romeiro, Alisson de Almedida, Ivan da Silva, Ivan Edemilson Cabanhe, Jhondnei Aguilera.

Além de Lisberto Sebastião de Lima, Marcelo de Souza Lopes, Nazário da Silva, Nestor Bogado Filho, Nilson Procedônio Espíndola, Roni Lima Rios e Valdson Gomes de Pinho.

Nova etapa – Nesta quarta-feira (dia 23), acontece uma nova etapa da operação, apenas com mandados de busca e apreensão. Oiketicus é um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”.

Cigarros contrabandeados do Paraguai circulam por MS com "vista grossa" de policiais corruptos.
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