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Cidades

Hospital pagou tratamento de morto e superfaturava valor em até 70%

Edivaldo Bitencourt e Aline dos Santos | 18/03/2013 10:10
Hospital está na mira do Ministério Público. (Foto: Marcelo Victor/Arquivo)
Hospital está na mira do Ministério Público. (Foto: Marcelo Victor/Arquivo)

O MPE (Ministério Público Estadual) pediu, por meio de liminar na Justiça, o afastamento da diretoria-executiva da Fundação Carmem Prudente de Mato Grosso do Sul, que administra o Hospital do Câncer. Os três diretores são acusados de superfaturar em até 70% o pagamento de procedimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), de pagar tratamentos em pessoas mortas, de nomear de filhos por salários acima do mercado e de contratar empresas das quais são proprietários.

Na ação civil pública, apresentada na quinta-feira (14), a promotora Paula Volpe pediu, por meio de liminar, o afastamento do diretor-presidente do hospital, Blener Zan, o diretor-geral, o médico Adalberto Abrão Siufi, e o diretor-financeiro, Wagner Miranda.

O Hospital do Câncer, um dos principais da Capital e responsável pelo atendimento de 200 pessoas por dia, é investigado há 17 anos pelas mesmas irregularidades. O MPE instaurou inquérito para apurar o caso em 2009.

Segundo Paula Volpe, o médico Adalberto Siufi é dono da empresa Neorad (Saffar e Siufi), contratada pelo HC para a prestação de serviços. O contrato, em vigor desde 2004, foi cancelado no ano passado. No entanto, neste ano, o MPE descobriu que a nova empresa contratada era a Siufir e Saffar, com o mesmo quadro societário.

Além de contratar as próprias empresas, o grupo pagava até 70% acima do valor determinado pelo SUS. Este é o caso do procedimento maxilectomia total (tratamento cirúrgico dos tumores da maxila e regiões adjacentes), que custa R$ 4.956,14, mas a empresa de Adalberto Siufi receberia R$ 8.425,43, segundo a ação da promotora.

Conforme promotora, empresa de diretor recebia tabela SUS mais 70%. (Foto: Marco Ermínio)
Conforme promotora, empresa de diretor recebia tabela SUS mais 70%. (Foto: Marco Ermínio)

A outra empresa contratada é a Elétrica Zan, de Blener e Wagner Miranda. A denúncia relata até pagamento de tratamento contra o câncer em um paciente que morreu no dia 27 de abril de 2009. O hospital manteve o pagamento por mais três dias (28, 29 e 30 de abril de 2009). A irregularidade foi descoberta pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS), mas a promotora argumenta que houve o pagamento de outros mortos.

A promotora Paula Volpe pede o afastamento imediato de Adalberto Siufi, Blener Zan e Wagner Miranda da direção da fundação, que administra o hospital. Ela argumenta que a “permanência dos requeridos possa causar lesões graves e de difícil reparação aos interesses da entidade”.

Além do afastamento definitivo dos três, a promotora pede para a eleição de novos dirigentes para comandar o Hospital do Câncer.

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