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Cidades

Índio terena pode ficar paraplégico; bala continua alojada na coluna

Paula Maciulevicius e Francisco Júnior | 05/06/2013 11:06
Segundo o diretor técnico do hospital, Luiz Alberto Nakamura, operação agora não faria bem diante do quadro clínico do terena. (Foto: Pedro Peralta)
Segundo o diretor técnico do hospital, Luiz Alberto Nakamura, operação agora não faria bem diante do quadro clínico do terena. (Foto: Pedro Peralta)

O índio Joziel Gabriel, de 34 anos, baleado ontem em Sidrolândia, vai ficar com sequelas. A bala está alojada na coluna e atingiu a sétima vértebra cervical, que pode causar paraplegia. Na manhã de hoje a diretoria da Santa Casa, hospital onde o terena está internado, falou sobre o estado de saúde dele em entrevista coletiva.

Até a noite de ontem, Joziel estava sem o movimento das pernas. Hoje, depois de passar por dois neurologistas, se chegou a conclusão de que ele não vai passar por cirurgia no momento. Segundo o diretor técnico do hospital, Luiz Alberto Nakamura, a operação agora não faria bem diante do quadro clínico.

O terena está consciente e orientado e é considerável estável. Há 14h no hospital, Joziel foi transferido da enfermaria do Pronto Socorro para um quarto. Ele foi submetido a tomografias e exames complementares, no entanto a diretoria não apresentou os resultados.

Segundo o diretor, Joziel não teve alteração neurológica e deve passar por fisioterapia, não há previsão de alta. Num caso de cirurgia, Nakamura explicou que o procedimento seria fixação da coluna.

A família de Joziel está acompanhando o terena no hospital, mas não quis falar com a imprensa. O representante da Funai de Sidrolândia, Mailson Terena, veio a pedido de Brasília para saber do estado de saúde do terena, assim como o enfermeiro da Sesai, Carmelito Canale.

Joziel é da aldeia da Taunay, na região de Aquidauana. Eles vieram para Sidrolândia em busca de trabalho.

O terena é primo de Oziel Gabriel, morto na última quinta-feira durante confronto com a Polícia Federal e PM, durante reintegração de posse da fazenda Buriti. Testemunhas que registraram boletim de ocorrência depois do terena ser baleado contaram ter visto um homem atirar quando passava com uma camionete prata, enquanto Joziel entrava na sede da fazenda São Sebastião. Os amigos disseram que não houve tempo para anotar a placa do veículo porque tiveram de socorrer Joziel.

Há mais de duas semanas Mato Grosso do Sul enfrenta uma onda de invasões de terra e tensão. Cansados de esperar por uma posição do governo federal, os terena decidiram pela "retomada" de áreas que já foram consideradas indígenas em 2001, mas não avançam no processo de demarcação por conta de recursos judiciais dos fazendeiros que contestam laudos antropológicos da Funai. Hoje, o maior conflito ocorre em Sidrolândia, onde na quinta-feira passada Oziel Gabriel, de 35 anos, foi morto. Nesta quarta-feira vence o prazo de 48 horas para que o grupo que acampou na fazenda Buriti deixe a área, de acordo com ordem de reintegração de posse da Justiça Federal.

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