Índios vão a São Paulo acompanhar júri do caso Veron
Um ônibus e um veículo Van, com cerca de 60 índios da etnia guarani, da reserva de Dourados, embarcaram ontem para acompanhar o julgamento do assassinato do líder Marcos Veron, em São Paulo.
O júri deve começar às 11 horas desta segunda-feira, depois de adiamento no mês passado. Vão ser julgados três funcionários da Fazenda Brasília do Sul, em Juti, acusados de matar a pauladas o cacique e tentar matar outros seis indígenas da aldeia Takuara, durante conflito que durou dois dias em janeiro de 2003.
O grupo indígena preparou uma manifestação "mesmo porque são familiares de Veron e pedem justiça", explica o procurador da República em Dourados, Marco Antônio Delfino.
Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde tiveram o júri transferido para São Paulo após o Ministério Público Federal alegar que um julgamento em Dourados prejudicaria a lisura do processo, por conta da pressão de fazendeiros.
O MPF também alegou "notável preconceito da população e autoridades locais com os índios".
O MPF lembra de outros casos envolvendo mortes de índios que ficaram sem solução em Mato Grosso do Sul, citando como exemplo o desaparecimento de dois professores indígenas da etnia guarani-kaiowá desapareceram após ocupação de uma fazenda em Paranhos, fronteira com o Paraguai. Apenas o corpo de um deles foi encontrado.
Em abril, a primeira data do júri foi desmarcada depois que o advogado de defesa apresentou atestado médico alegando que estava em tratamento e precisava se afastar das atividades profissionais por 20 dias.
A acusação sustenta que antes de ser morto, Veron foi torturado. Os capangas da fazenda também são processados pro seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha.
O produtor rural Jacintho Honório, dono da fazenda Brasília do Sul, chegou a ser preso em 2003, mas não foi denunciado, apesar de ser apontado pelos índios como mandante dos crimes.