Índios vão ao MPF para cobrar alimentos e remédios
Índios guarani-caiuá que há 20 dias ocupam uma fazenda em Coronel Sapucaia vão hoje ao MPF (Ministério Público Federal) de Ponta Porã para cobrar que a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) normalizem a entrega de alimentos e remédios.
No último dia 25 de novembro, 80 famílias deixaram às margens da rodovia MS-289, onde viviam há quatro anos, e ocuparam uma área localizada a 5 km da fazenda Madama. O grupo denomina o local como terra indígena Kurussu Ambá.
De acordo com Eliseu Lopes, a área foi ocupada por 200 pessoas, sendo 40 crianças. E são elas quem mais sofre diante da falta de assistência. "Têm muitas com diarréia, porque bebem água suja". Eliseu relata que a Funai leva os alimentos, mas é preciso caminhar 8 km para chegar ao ponto de entrega dos produtos. Já a Funasa não distribuiu remédios.
Ele acredita que as equipes ficaram temerosas diante do clima de tensão com os fazendeiros. "No começo houve tiros, mas a Polícia Federal desceu lá e não atiraram mais". Segundo Eliseu, o trânsito de pessoas e veículos também transcorre normalmente. "O fazendeiro só pediu para não mexer na plantação de soja".
A região tem histórico violento. Em 2007, a índia Julite Lopes, 70 anos, foi morta a tiros por seguranças particulares durante desocupação da área.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) denuncia também que outros índios do acampamento foram assassinados nos últimos anos sem que os culpados tenham sido identificados. Em julho de 2007 foi assassinado um dos líderes do acampamento, Ortiz Lopes. Em maio de 2009, Osvaldo Lopes também foi morto.