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Interior

Agepen pediu reforço na segurança para transferir Abagge

Homem que carrega sobrenome ligado à morte de Evandro Caetano seria transferido hoje em caráter emergencial

Ana Paula Chuva e Helio de Freitas, de Dourados | 03/09/2022 16:36
Luccas Abagge quando foi preso em Mato Grosso do Sul, em junho deste ano. (Foto: Divulgação)
Luccas Abagge quando foi preso em Mato Grosso do Sul, em junho deste ano. (Foto: Divulgação)

A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) pediu reforço na segurança para a transferência emergencial de Luccas Abagge, condenado a 121 anos de prisão, fugiu na madrugada deste sábado (3) do maior presídio de Mato Grosso do Sul, a Penitenciária Estadual de Dourados.

O foragido é filho de Beatriz Abagge, conhecida pelo “Caso Evandro”: a morte do menino de 6 anos em Guaratuba (Paraná), no ano de 1992. Ao ser preso, Luccas apresentou CNH (Carteira Nacional de Habilitação) em nome de Evandro Oliveira Ribeiro. Ele estava com a esposa, que disse desconhecer que o marido era foragido e q ue acreditava que seu nome fosse mesmo Evandro.

Informações apuradas pelo Campo Grande News, são de que comunicação interna com data desta sexta-feira, solicitava escolta reforçada para o Grupo Tático de Escoltas, para que Luccas fosse trazido em caráter emergencial para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado Gameleira I.

A justificativa para a transferência, segundo o comunicado, seria para a “manutenção da ordem e da disciplina prisional”. Luccas estava na PED desde junho deste ano, para onde foi dias depois de ser preso, em Ponta Porã, usando CNH (Carteira Nacional de Habilitação) com nome de Evandro de Oliveira Ribeiro.

Na manhã de hoje, a Agepen que vai investigar o caso através da Corregedoria e que já acionou as demais forças de segurança e informou ao Ministério Público.

Corda artesanal feita com pedaços de pano usada por Luccas na fuga. (Foto: Divulgação)
Corda artesanal feita com pedaços de pano usada por Luccas na fuga. (Foto: Divulgação)

Fuga - Por volta de 4h da madrugada de hoje, após serrar a grade da cela e cortar dois alambrados, Luccas escalou a muralha do presídio usando uma “teresa” – corda artesanal feita com pedaços de pano. Numa das pontas havia uma barra de ferro pontiaguda, que foi cravada no chão para prender a corda.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a fuga ocorreu entre as torres de vigilância 1 e 2. A torre 1 está desativada, mas havia equipe de policiais penais na torre 2. De manhã, quando deixou o turno, um dos policiais percebeu a corda pendurada no muro.

O sistema de monitoramento também estava funcionando, mas não foi suficiente para evitar mais uma fuga no presídio, o mais superlotado de MS com pelo menos 2.700 presos.

Condenado - Aos 32 anos de idade e com histórico de fugas, Luccas carrega o sobrenome ligado à morte do menino Evandro Caetano, 6, que abalou o Brasil nos anos 90. A mãe de do homem foi acusada de matar a criança em Guaratuba, supostamente em sessão de magia negra.

Luccas foi denunciado por falsificação de CNH e uso de documento falso e se tornou réu por crimes também em Mato Grosso do Sul. Com prisão preventiva decretada, foi mandado para a Unidade Penal de Ponta Porã e depois transferido para a Penitenciária de Dourados, cidade a 251 km de Campo Grande.

Com histórico de fugas e considerado altamente perigoso, o bandido foi alojado na cela 29 do Raio 2, onde ficam presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). A reportagem apurou que pode acontecer de presos, mesmo não sendo faccionados, ficarem em pavilhões da facção quando conhecem algum integrante ou são oriundos de regiões dominadas pela organização.

Caso Evandro chocou o Brasil e virou documentário na Globoplay. (Foto: Reprodução)
Caso Evandro chocou o Brasil e virou documentário na Globoplay. (Foto: Reprodução)

Crime famoso – A família Abagge ficou conhecida pelo crime ocorrido em Guaratuba em 1992. Mãe de Luccas, Beatriz Abagge chegou a ser condenada pela morte do menino Evandro, teve perdão judicial e atualmente pede a revisão à Justiça. Numa série documental, ela relata ter sofrido tortura para confessar o crime.

A real identidade de Luccas Abagge foi confirmada com a coleta de impressões digitais. Ele foi denunciado por falsificação de documento público e uso de documento falso. No dia 28 de junho, a juíza Thielly Dias de Alencar Pitthan, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã, recebeu a denúncia por uso de documento falso. A audiência de instrução e julgamento foi marcada para 1º de novembro.

Em janeiro de 2019, Luccas foi condenado a 54 anos por homicídio, pena posteriormente reduzida para 48 anos. O crime ocorreu em disputa por ponto de vendas de drogas em Curitiba. Em julho do mesmo ano, ele foi condenado de novo, dessa vez a 32 anos por matar um adolescente e deixar outro ferido em Curitiba.

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