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Interior

Prestes a ser transferido, Lucas Abagge usa corda para fugir de segurança máxima

Ele carrega o sobrenome ligado à morte do menino Evandro Caetano, 6, que abalou o Brasil nos anos 90

Helio de Freitas, de Dourados | 03/09/2022 09:26
Lucas Abagge estava em cela no raio de presos do PCC na PED e fugiu de madrugada (Foto: Reprodução)
Lucas Abagge estava em cela no raio de presos do PCC na PED e fugiu de madrugada (Foto: Reprodução)

Lucas Abagge, condenado a 121 anos de prisão no Paraná e recapturado em junho deste ano na fronteira com o Paraguai, fugiu na madrugada deste sábado (3) do maior presídio de Mato Grosso do Sul, a Penitenciária Estadual de Dourados.

A reportagem apurou que Lucas Abagge estava em processo de transferência para um dos novos presídios da Capital, onde o sistema de segurança é maior, mas escapou antes. A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que vai investigar o caso através da Corregedoria e que já acionou as demais forças de segurança e informou ao Ministério Público.

Aos 32 anos de idade e com histórico de fugas, Lucas carrega o sobrenome ligado à morte do menino Evandro Caetano, 6, que abalou o Brasil nos anos 90. A mãe de Lucas foi acusada de matar a criança em Guaratuba, supostamente em sessão de magia negra.

Recapturado em Ponta Porã no dia 18 de junho deste ano, Lucas usava documento falso, coincidentemente em nome de Evandro de Oliveira Ribeiro. Ele negou ser Lucas Abagge, mas a perícia confirmou se tratar do bandido paranaense procurado por várias mortes.

Lucas foi denunciado por falsificação de CNH e uso de documento falso e se tornou réu por crimes também em Mato Grosso do Sul. Com prisão preventiva decretada, foi mandado para a Unidade Penal de Ponta Porã e depois transferido para a Penitenciária de Dourados, cidade a 251 km de Campo Grande.

Corda artesanal usada por Lucas para fugir da PED (Foto: Divulgação)
Corda artesanal usada por Lucas para fugir da PED (Foto: Divulgação)

Com histórico de fugas e considerado altamente perigoso, o bandido foi alojado na cela 29 do Raio 2, onde ficam presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). A reportagem apurou que pode acontecer de presos, mesmo não sendo faccionados, ficarem em pavilhões da facção quando conhecem algum integrante ou são oriundos de regiões dominadas pela organização.

Por volta de 4h da madrugada de hoje, após passar por dois alambrados, Lucas escalou a muralha do presídio usando uma “teresa” – corda artesanal feita com pedaços de pano. Numa das pontas havia uma barra de ferro pontiaguda, que foi cravada no chão para prender a corda.

Segundo fontes ouvidas pelo Campo Grande News, a fuga ocorreu entre as torres de vigilância 1 e 2. A torre 1 está desativada, mas havia equipe de policiais penais na torre 2. De manhã, quando deixou o turno, um dos policiais percebeu a corda pendurada no muro.

O sistema de monitoramento também estava funcionando, mas não foi suficiente para evitar mais uma fuga no presídio, o mais superlotado de MS com pelo menos 2.700 presos.


Caso Evandro chocou o Brasil e virou documentário na Globoplay. (Foto: Reprodução)
Caso Evandro chocou o Brasil e virou documentário na Globoplay. (Foto: Reprodução)

Crime famoso – A família Abagge ficou conhecida pelo crime ocorrido em Guaratuba em 1992. Mãe de Luccas, Beatriz Abagge chegou a ser condenada pela morte do menino Evandro, teve perdão judicial e atualmente pede a revisão à Justiça. Numa série documental, ela relata ter sofrido tortura para confessar o crime.

A real identidade de Lucas Abagge foi confirmada com a coleta de impressões digitais. Ele foi denunciado por falsificação de documento público e uso de documento falso.

No dia 28 de junho, a juíza Thielly Dias de Alencar Pitthan, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã, recebeu a denúncia por uso de documento falso. A audiência de instrução e julgamento foi marcada para 1º de novembro.

Em janeiro de 2019, Luccas foi condenado a 54 anos por homicídio, pena posteriormente reduzida para 48 anos. O crime ocorreu em disputa por ponto de vendas de drogas em Curitiba. Em julho do mesmo ano, ele foi condenado de novo, dessa vez a 32 anos por matar um adolescente e deixar outro ferido em Curitiba.

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