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Interior

Após 8 anos de sumiço, Fahd Jamil pede atestado de morte do filho

Daniel Alvarez Georges foi visto pela última vez em 2011; investigação apontou que ele foi executado e corpo nunca foi localizado

Silvia Frias | 28/08/2019 15:14
Daniel Alvarez desapareceu em 2011, um mês depois de sair da prisão, por tráfico de drogas (Foto/Reprodução)
Daniel Alvarez desapareceu em 2011, um mês depois de sair da prisão, por tráfico de drogas (Foto/Reprodução)

Oito anos após o desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, o pai, empresário Fahd Jamil, entrou com processo de alteração no registro civil, para que o filho seja legalmente declarado morto. Daniel foi visto pela última vez, com vida, no dia 3 de maio de 2011, em Campo Grande. O inquérito policial atestou que ele foi assassinado, mas o corpo nunca foi localizado.

Fahd é empresário de nome polêmico, relacionado a crimes da fronteira. Chegou a ser conhecido como o “Padrinho do Paraguai”, sendo condenado, em 2005, a 20 anos de prisão por tráfico de drogas. O empresário não foi preso e, quatro anos depois, foi absolvido pelo TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).

O processo para o atestado de óbito foi protocolado na 2ª Vara Cível de Ponta Porã em julho deste ano pelo advogado Augusto Derzi Rezende. Nele, Fahd Jamil alega que já se passaram mais de oito anos desde o desaparecimento do filho, sem que amigos ou familiares tivessem qualquer contato. “(...) as notícias são de que o filho foi vítima de homicídio doloso, por meio de emboscada e ocultação de cadáver (...) não encontrado até a presente data”.

Daniel desapareceu quando tinha 43 anos. Deixou quatro filhos, ainda menores, que moram com as respectivas mães e recebem assistência material e afetiva dos avós paternos. A situação judicial indefinida do pai causa transtornos a eles, como a privação de viagens, por conta da falta de autorização paterna ou na emissão de documentos.

Para resolver a situação, o empresário pede que conste a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. “Deve ser declarada judicialmente a morte de Daniel, fazendo constar no registro público com a emissão da certidão de óbito”.

No dia 23 de agosto, a juíza Sabrina Rocha Margarido João, alegou que o processo é de competência da Vara de Família, por não se tratar de requerimento simples de retificação civil ou registro tardio de óbito, mas de ação declaratória de morte presumida, questão que afeta a alteração de “estado de pessoa”. Por esse motivo, declinou da competência e determinou que o processo fosse redistribuído.

Morte – Daniel Alvarez George desapareceu no dia 3 de maio de 2011. Naquele dia, ele havia sido visto no período da tarde, almoçando em uma churrascaria no bairro Chácara Cachoeira em companhia de dois homens, identificados como sendo Alberto Aparecido Nogueira, o “Betão”, Cláudio Rodrigues de Oliveira, o “Meia-Água”.

Betão era considerado um dos maiores pistoleiros de Mato Grosso do Sul, sendo suspeito de mortes na região de fronteira; Meia-Água foi investigado como sendo mandante da morte do jornalista Paulo Rocaro.

De lá, Daniel teria ido encontrar uma terceira pessoa no Shopping Campo Grande e não foi mais visto. Em depoimento, Betão e Meia-Água teriam dito que ele estava com dívida “no prazo”, jargão de quem deve dinheiro ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Porém, uma testemunha relatou que era Meia-Água quem devia R$ 100 mil a ele.

Daniel Georges havia saído do Presídio de Mirandópolis (SP), no dia 2 de abril de 2011, depois de cumprir pena por tráfico de drogas. Ele havia sido preso em agosto de 2010, em São Paulo, pela Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos), após combinar encontro no Shopping Iguatemi. Em 2002, Daniel Georges foi preso por tráfico de drogas ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, vindo da Colômbia.

Alberto Aparecido Nogueira e Cláudio Rodrigues de Oliveira foram indicados pela morte de Daniel Alvarez Georges, mas nunca foram a julgamento: Cláudio Rodrigues foi morto a tiros, em São Paulo, no dia 18 de setembro de 2015; Betão foi assassinado no dia 21 de abril de 2016 e seu corpo foi encontrado carbonizado, no porta-malas do carro, em Bela Vista. O processo contra eles foi extinto pela 2ª Vara do Tribunal do Júri no 4 de junho de 2018.

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