Após protesto com reféns, coordenador da Sesai descarta trocar chefe de posto
Hilário disse que apenas um “pequeno grupo” defende substituição de coordenador do polo-base de Caarapó; segundo ele, chuvas dificultaram deslocamento até aldeias para atender moradores
A coordenadoria da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) em Mato Grosso do Sul ainda não chegou a um acordo com índios da região de Caarapó, que na segunda-feira (25) mantiveram 23 funcionários do polo-base como reféns durante todo o dia, em protesto contra a falta de atendimento de saúde nas aldeias. Entretanto, o chefe estadual do órgão, Hilário da Silva, descarta a substituição do gerente do polo, Adalberto Araújo Corrêa, como querem os índios.
Ao Campo Grande News, Hilário da Silva disse que apenas um “pequeno grupo” defende a troca de chefia. “A maioria da comunidade entendeu nossa posição, de que a solução não é substituir o chefe local. Como eles estão divididos, vão se reunir de novo na sexta-feira (29), para chegar a um consenso, mas independente da posição deles entendemos que a substituição não é necessária”, afirmou, por telefone.
Segundo o coordenador estadual, a precariedade no atendimento ocorre principalmente por falta de veículos adequados para o deslocamento até as aldeias. “Profissionais de saúde para os atendimentos nós temos em quantidade suficiente, mas nossa frota precisa ser renovada. Brasília [chefia nacional da Sesai] tem conhecimento da nossa situação e está nos ajudando, mas uma série de questões políticas e substituição de ministro atrasaram o processo”.
Hilário da Silva disse que uma equipe do Ministério da Saúde deve vir a Mato Grosso do Sul, para auxiliar na solução do problema. “São duas possibilidades: renovar a frota ou terceirizar esse serviço”.
O coordenador informou que nas seis comunidades atendidas pelo polo-base de Caarapó moram pelo menos nove mil índios, em locais de difícil acesso. “A chuvarada piorou ainda mais a situação dos acessos a essas comunidades. A maior parte da comunidade entende a situação”.
Desmotivados – Hilário da Silva disse que o protesto de segunda-feira – quando os funcionários do posto ficaram impedidos de deixar o prédio durante o dia e só puderam sair à noite depois que a Sesai mandou uma equipe de Campo Grande até Caarapó – desmotiva os profissionais de saúde.
“Médicos e outros profissionais que não medem esforços para atender as comunidades, mesmo com todas as dificuldades, estão desestimulados depois do que aconteceu. Mas o clima lá já mudou e estamos confiantes num consenso com a comunidade”, afirmou Hilário, que não deve participar da reunião na sexta-feira por ter outro compromisso já marcado em Aquidauana.
Áreas ocupadas – Sobre o atendimento de saúde nas áreas ocupadas – outra reivindicação dos índios que fizeram o protesto de segunda – o coordenador afirmou que a Sesai não se nega a prestar o serviço, mas em alguns locais o acesso depende de escolta da Polícia Federal.
“São 39 áreas de retomada em Mato Grosso do Sul e em muitas delas o aceso é difícil e arriscado. Para as equipes entrarem precisamos de escolta da Polícia Federal. Em outros locais não há nenhuma estrutura para as equipes. A Sesai não se nega a fazer atendimentos nas áreas de retomada, mas temos de resolver esses problemas”.