Após protestos, prefeitura recua e diz que vai transportar alunos
Um dia depois de afirmar que município não faria mais serviço, secretário anunciou ônibus de volta amanhã para carregar alunos
Depois de dois dias de protestos dos moradores incluindo bloqueio da BR-163 e de uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Prefeitura de Dourados – a 233 km de Campo Grande – anunciou que vai continuar transportando estudantes de sitiocas e bairros distantes da área central.
O transporte, feito por três ônibus, será retomado já nesta quarta-feira (21) e beneficia pelo menos 150 estudantes que moram na região formada pela Comunidade Ouro Fino, sitiocas Campina Verde e sitiocas Campo Belo, na região sul do município.
A medida foi anunciada pelo secretário municipal de Educação Upiran Jorge Gonçalves da Silva em reunião com representantes dos moradores. O presidente da Câmara Alan Guedes (DEM) também participou. Na manhã de hoje, a comunidade protestou em frente à prefeitura e interditou a Avenida Coronel Ponciano. Ontem, tinham bloqueado a rodovia federal entre Dourados e Caarapó.
A decisão da prefeita Délia Razuk (sem partido) ocorre um dia depois de o próprio secretário de Educação anunciar que a prefeitura não carregaria mais esses alunos de casa até as escolas, pois os bairros ficam no perímetro urbano e o transporte escolar existe para atender moradores da zona rural.
“Amanhã as três linhas que atendiam a região voltam a ‘rodar’, por determinação da prefeita”, afirmou o secretário por meio da assessoria de imprensa da prefeitura.
Upiran disse ainda que a prefeitura aguarda a conclusão da manutenção em outros ônibus da frota própria para atender a população. O município espera receber mais dois ônibus no mês que vem, para ampliar a frota de transporte escolar.
Segundo o secretário, pela lei federal, o município é obrigado a assegurar o transporte escolar na zona rural de alunos da pré- escola até o 9º ano do ensino fundamental. Já no perímetro urbano do município não existe obrigatoriedade de transporte escolar, segundo ele, e os alunos devem usar o transporte coletivo regular com o passe estudantil.
“O município assegura o passe escolar gratuito para ser utilizado no transporte coletivo. No entanto, a prefeita direcionou o atendimento à comunidade daquela região diante da necessidade das famílias”, justificou o secretário.
Ontem, Sivaldo dos Anjos, um dos líderes do movimento, disse que a comunidade é formada por famílias pobres e a maioria não tem condições de levar os filhos até as escolas, por isso a maioria perde aula há duas semanas.
Frota sem manutenção – De acordo com a prefeitura, o processo de dispensa de licitação para contratar o serviço de reparos na frota de ônibus do município está em andamento e deve ser homologado nos próximos dias. A falta de manutenção foi o primeiro motivo alegado aos moradores das sitiocas para justificar a paralisação do serviço.
A prefeitura possui 15 ônibus próprios que fazem o transporte escolar de pelo menos 800 alunos e todos estão parados por falta de manutenção. Assim como os moradores dos bairros distantes, estudantes da reserva indígena também são prejudicados.