Após "tornado" e chuva forte, granizo e raios arrasam sul do Estado
Depois de ser atingida por tempestade na segunda-feira (23) e ver rastro de destruição deixado por "tornado" e chuva forte, queda de granizo e raios elétricas atingiram a cidade de Amambai na noite desta terça-feira (24). Além dessa, outras três cidades contabilizam prejuízos e a situação desespera prefeitos. Cálculo de danos já ultrapassa R$ 5 milhões. Nas últimas 24 horas, foram 12 mil raios no Estado.
Nessa cidade, que fica a 360 quilômetros de Campo Grande, choveu 135,2 mm entre ontem (24) e hoje (25), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), mas toda a região sul contabiliza danos. Por causa disso, os prefeitos de Amambai e Tacuru, Sérgio Diozébio e Paulo Pedro Rodrigues, respectivamente, vão decretar estado de emergência.
Governo do Estado - Devido à situação, o secretário estadual da Casa Civil, Sérgio de Paula, estuda se Mato Grosso do Sul também vai decretar estado de emergência por causa da realidade na região sul.
Para decidir, se reunirá hoje, às 10h, com representantes de vários órgãos, como Agesul (Agencia Estadual de Gestão de Empreendimentos), Defesa Civil, Assomasul (Associação dos Municípios de MS) e, também, com o corpo jurídico do governo.
"A situação aqui está desesperadora. Graças a Deus não tivemos vítimas ou pessoas feridas, mas as ruas, estradas e pontes estão uma tragédia. Nesses 30 anos que moro aqui nunca vi algo do tipo, a chuva de segunda foi a pior que já caiu aqui, muito raio, muita pedra", desabafa o prefeito Diozébio, de Amambai, ao Campo Grande News.
Amambai - Ontem à noite, outro temporal atingiu a cidade e houve queda de granizo. Diversas descargas elétricas também assustaram moradores. O secretário de Saúde do município, Sérgio Périus, foi atingido por uma descarga e passou mal. Ele sofreu um desmaio e está internado.
Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), na última hora foram detectados 20 mil raios no Brasil, sendo que, desses, 11,9 mil foram registrados em Mato Grosso do Sul. O Estado contabiliza 68% do total registrado no País.
De acordo com o prefeito de Amambai, os estragos podem ultrapassar prejuízo de R$ 5 milhões à prefeitura. "Estamos tentando diagnosticar quais são os pontos de prioridade. Existem lugares que estão isolados porque a água arrancou várias pontes e destruiu estradas. Estamos estudando como vamos religar esses pontos", completa o gestor.
Juti - De Juti, a 320 quilômetros da Capital, a prefeita Isabel Cristina disse que a cidade corre risco de ter o abastecimento de água interrompido devido aos danos causados pela chuva, que causou uma erosão profunda em uma das vias da cidade.
"Não tem como arrumar estrada, não tem como limpar a cidade. O transporte escolar e o escoamento da produção estão prejudicados, e a passagem de veículos em estradas vicinais e em uma via estadual está interrompido", conta.
Caarapó - Cerca de 20 famílias tiveram a casa onde moram danifica pelas fortes chuvas em Caarapó, a 283 quilômetros de Campo Grande. O prefeito Mário Valério contou que só viu chuva como essa há 30 anos. "Moro desde 63 aqui e a última vez que vi cair uma chuva assim foi na década de 80. Não temos pessoas desabrigadas, mas as ruas estão intransitáveis e não tem como arrumar. Precisamos esperar a chuva parar", afirma.
Tacuru - Distante 427 quilômetros de Campo Grande, a prefeitura de Tacuru ainda contabiliza os prejuízos, "mas vai ficar além do que a gente já imaginava", adianta o prefeito Paulo Pedro Rodrigues.
"Ainda está chovendo. Muitas pontes foram danificadas ou levadas pela enxurrada, ou foi a cabeceira da ponte que foi levada. Tem local que o rio está passando 2 metros por cima da ponte", detalha o prefeito. Um deslizamento de terra destruiu um barracão localizado nos fundos de uma residência. Toda a estrutura de madeira e dois veículos foram levados pela enxurrada do córrego Português, que passa dentro da cidade.
"Vamos decretar estado de emergência, a assessoria jurídica da prefeitura já está trabalhando nisso. Estamos de mãos atadas, e o pior é estamos, e todas as prefeituras de forma geral, diante de uma crise econômica", resume.