Arrendatários de fazenda onde paraguaios eram escravizados são presos
Irmãos realizavam falsa quitação trabalhista e responderão também por estelionato e falsidade ideológica
Dois de três foragidos por crimes de desmate ilegal e trabalho escravo na Fazenda Salto, em Nioaque, foram presos pela Polícia Civil em operação conjunta com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
W. R. C. e W. R. C, irmãos que arrendavam a propriedade rural, estavam realizando falsa quitação trabalhista com paraguaios resgatados da fazenda, entre eles oito menores. Além desses crimes, eles responderão também por estelionato e falsidade ideológica, em virtude da utilização de documentos forjados.
Na última segunda-feira, a promotora de Justiça da comarca de Nioaque, Mariana Sleiman Gomes, recebeu a denúncia e então acionou a polícia de Bela Vista, para onde os autores foram para realizar a falsa quitação trabalhista.
Segundo o boletim de ocorrência, os autores pagariam a quantia de R$ 500 a cada trabalhador, em troca de uma assinatura em termos de rescisão de trabalho, “aproveitando-se do desconhecimento das vítimas sobre o teor do documento”, diz o MPMS. No entanto, pelo menos uma das vítimas teria direito a receber R$ 10 mil.
O órgão informou ainda que a Polícia Civil de Bela Vista chegou no local no momento exato em que os trabalhadores estavam sendo induzidos a assinar os documentos. Os autores, presos em flagrante, serão investigados por estelionato e falsidade ideológica, em virtude da utilização de documentos forjados.
O gerente da fazenda, Valdecir Rossi, foi preso em flagrante no começo do mês por porte ilegal de arma. O único foragido no momento é Danielson de Aguiar Oliveira, 34 anos, que foi identificado como operador de pá-carregadeira usada para colocar toras de madeira em um buraco aberto na propriedade.
Foi ele o autor de vídeos que circularam nas redes sociais e mostravam o desmate. A partir das imagens, que até então tratavam-se de Fake News, foi que a operação foi montada e os crimes descobertos.
Operação - no início deste mês, após denúncia, o Ministério Público Estadual, acompanhado da Polícia Civil e da Polícia Militar Ambiental de Nioaque, localizou uma fazenda com trabalhadores em situação análoga à escravidão.
A operação ainda constatou a prática de diversos crimes ambientais, com madeiras da espécie aroeira, desmatadas e escondidas na fazenda. A PMA constatou ainda mais de 100 hectares de área desmatada, com dano em seis hectares de área de preservação permanente, totalizando multa de mais de R$ 300 mil.
Entre os 15 trabalhadores, havia três paraguaios em condições irregulares, e inclusive adolescentes "trabalhando em condições precárias e sem registro", segundo a Promotora de Justiça Mariana Sleiman Gomes.
Após o resgate na fazenda em Nioaque, os trabalhadores foram conduzidos para Bela Vista, cidade onde residiam, para aguardar o trâmite das investigações e regularizar a situação que está sendo conduzida pelo Ministério Público do Trabalho e pela Superintendência Regional do Trabalho em MS.