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Interior

Assassinos de traficante também controlam contrabando de cabelo

Polícia tem indícios ligando Igor Franco Ortiz e Fábio Armindo Irala a carregamentos apreendidos em MS

Por Helio de Freitas, de Dourados | 19/02/2024 15:21
Fabio Irala (à esquerda) e Igor Ortiz em hotel onde se hospedaram para matar traficante (Foto: Reprodução)
Fabio Irala (à esquerda) e Igor Ortiz em hotel onde se hospedaram para matar traficante (Foto: Reprodução)

A polícia investiga a participação dos pistoleiros Igor Franco Ortiz, 23, e Fábio Armindo Cabral Irala, 33, no esquema de contrabando de cabelo humano que entra no Brasil através da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

Os dois foram presos sábado (17) em São Paulo (SP), acusados pelo assassinato do traficante de drogas Eliston Aparecido Pereira da Silva, 51. O crime ocorreu no dia anterior, em Dourados, a 251 km de Campo Grande. Um terceiro pistoleiro e outros dois que ajudaram a planejar a execução estão sendo procurados pela polícia.

O Campo Grande News apurou que existem fortes indícios do envolvimento direto do brasileiro Igor Ortiz e do paraguaio Fábio Irala com o contrabando de cabelo. Só no primeiro semestre do ano passado, meia tonelada de cabelo humano tinha sido apreendida em Mato Grosso do Sul. Trazido principalmente da Índia e do próprio Paraguai, o material tem alto valor de revenda.

Segundo a polícia, Fábio e Igor integram o mesmo grupo de pistoleiros a serviço do PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira e também atuam no comércio ilegal de cabelo usando “mulas”, como são chamadas as pessoas contratadas para transportar as cargas.

Em 8 de agosto de 2023, policiais rodoviários federais apreenderam carregamento ligado aos pistoleiros. A carga estava em uma Ford Ranger parada na BR-163 em Rio Brilhante. A caminhonete era conduzida por uma mulher. Os sacos de cabelo foram entregues à Receita Federal do Brasil em Ponta Porã.

Sacos com cabelo humano apreendido pela PRF no dia 8 de agosto do ano passado (Foto: Divulgação)
Sacos com cabelo humano apreendido pela PRF no dia 8 de agosto do ano passado (Foto: Divulgação)

Segundo investigação da Polícia Civil, Fábio, Igor e as outras três pessoas envolvidas diretamente no plano para o assassinato de Eliston fazem parte de uma espécie de “escritório do crime”, que trabalha a mando do PCC, principalmente para assassinar rivais e ex-integrantes da organização. Eliston teria sido morto após perder dois carregamentos de cocaína da facção.

Os três pistoleiros ficaram hospedados em um hotel da região leste de Dourados enquanto planejavam o crime. Segundo a polícia, eles pretendiam sequestrar e torturar Eliston e a mulher dele, de 25 anos, e depois executar o casal.

No Fox prata usado pelos pistoleiros e abandonado a 1.500 metros da casa das vítimas, foram encontrados alicate, fita adesiva, abraçadeiras conhecidas como “enforca gato” e até uma escada. A polícia também descobriu a loja onde o grupo comprou as balaclavas usadas pelos matadores.

Só que o plano inicial não foi colocado em prática porque Eliston estava saindo de carro no momento em que os pistoleiros chegaram. Segundo depoimento da mulher, ele estava levando a cachorra para o petshop. Ela permaneceu no quarto dormindo e acordou com os tiros.

Eliston foi atingido dentro da picape Fiat Toro branca. Armado com uma pistola, trocou tiros com os bandidos e feriu um deles. Chegou a ser socorrido pela mulher ao Hospital Santa Rita, mas morreu antes de receber atendimento. Imagens de câmeras de monitoramento mostram os três atirando na direção do traficante, que foi atingido dentro da picape.

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