Cidade da Operação Atenas lança dia 20 movimento contra corrupção
Campanha inclui palestras em escolas e igrejas e ações para mostrar os prejuízos causados pela falta de ética na política
Será lançado dia 20 deste mês, durante ato no plenário da Câmara de Vereadores, o “Movimento Naviraiense Contra a Corrupção e pela Ética na Política”. Liderada pelo juiz Eduardo Trevisan e outras autoridades, a campanha tenta despertar a população local a lutar contra a corrupção na cidade onde os 13 vereadores eleitos em 2012 foram afastados após se transformarem em réus na ação penal da Operação Atenas, desencadeada pela Polícia Federal no dia 8 de outubro do ano passado.
Além do Judiciário, o movimento envolve o Ministério Público, a Defensoria Pública, as polícias Federal, Civil e Militar, igrejas católicas e evangélicas, clubes de serviços, a associação comercial local, universidades e escolas.
Revolta – Para os organizadores, a Operação Atenas trouxe “perplexidade e revolta” com a descoberta do esquema de corrupção instalado no Legislativo, onde cinco vereadores foram presos e posteriormente os outros oito afastados dos cargos. Cinco já foram cassados, dois renunciaram e seis enfrentam processo de cassação.
“Naviraí enfrentou no ano passado um dos seus momentos mais tristes ao constatar que um grupo de vereadores, em vez defender a população estavam defendendo seus próprios interesses”, afirma a organização do movimento.
Diárias e propina – As investigações revelaram que o grupo, liderado pelo ex-presidente da Câmara, Cícero dos Santos, montou um esquema para receber diárias fraudulentas, fraudar licitações e cobrar propina de empresários em troca da aprovação de alvarás e licenças. O grupo também exigia cargos e dinheiro para aprovar projetos de interesse do Executivo e para não instalar CPI contra a prefeitura.
Ao Campo Grande News, Eduardo Trevisan, que é o atual juiz eleitoral de Naviraí, disse que o principal objetivo do movimento é despertar na população da cidade o sentimento de que é preciso lutar contra a corrupção e a falta de ética na política. “Não podemos aceitar a corrupção como normal”.
Com a participação de autoridades, padres e pastores, a campanha quer disseminar uma cultura baseada na dignidade, honestidade e ética e mostrar para a população que o dinheiro desviado pela corrupção é o mesmo que falta para a saúde, para a educação e para a infraestrutura urbana. “A vítima mais afetada é a população mais sofrida e carente”.
Concurso de redação – Eduardo Trevisan informou que o lançamento na quarta-feira da próxima semana marca o início das atividades, que seguem até o final do ano. Será definido um cronograma de ações e a mais importante, segundo o juiz, será o concurso de redação entre estudantes do ensino médio da cidade.
“O juiz, o promotor, o padre, o pastor, vamos todos nós organizadores do movimento até as escolas para faze palestras aos estudantes. Depois disso eles terão de fazer uma redação com base nas informações que forem repassadas. Cada escola vai escolher as dez melhores e depois um grupo formado por pela academia de escritores da cidade vai revisar as redações e escolher as premiadas”, afirmou Eduardo Trevisan.
Os vencedores do concurso vão dividir um prêmio de R$ 3 mil. Segundo o juiz, alguns organizadores doaram dinheiro do próprio bolso para premiar os autores das melhores redações sobre o tema da campanha.