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Interior

Com fazendas invadidas, pecuarista relata prejuízo de R$ 300 mil e teme aftosa

Aline dos Santos | 17/05/2012 10:49

Segundo ele, os cinco funcionários tiveram prazo de 3 horas para sair da propriedade

Segundo fazendeiro, não há tempo hábil até 15 de junho para vacinar o gado. (Foto: Divulgação/MPF)
Segundo fazendeiro, não há tempo hábil até 15 de junho para vacinar o gado. (Foto: Divulgação/MPF)

Com duas fazendas invadidas por índios kadiwéus no Pantanal, o pecuarista Diógenes Domingues de Moura, de 63 anos, avalia que os prejuízos já chegam a R$ 300 mil.

Dono de 60 mil hectares, comprados há doze anos por R$1,2 milhão, ele conta que as fazendas estão bem no meio da área ocupada. Ele, que mora em Campo Grande, relata que os cinco funcionários tiveram prazo de três horas para sair da propriedade. “Eles contaram que os índios chegaram armados com escopeta, borduna e flechas. A mulher de um funcionário está grávida e chegou a passar mal”, relata.

Os trabalhadores saíram com a roupa do corpo. Agora, o fazendeiro não tem acesso ao local. “Deve ter cavalo morrendo, bezerro bichando. Precisava da ajuda da sociedade protetora dos animais, porque os bichos estão sofrendo”, afirma.

Segundo Diógenes, a maior preocupação é com a imunização do rebanho de 1.200 cabeças de gado contra a febre aftosa. Apesar de a Funai (Fundação Nacional do Índio) ter anunciado que a vacinação será permitida, o fazendeiro afirma que nenhum a estratégia foi repassada pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

Na aldeia, a vacinação é feita pelo governo, a chama Agulha Oficial, enquanto que nas propriedades em litígio, são os funcionários das fazendas que fazem o trabalho.

Conforme Diógenes, o prazo termina em 15 de junho, mas, até lá, não terá tempo hábil para recolher todos os animais. No Pantanal, predomina a pecuária extensiva, com o gado espalhado por uma grande área.

A invasão de 23 fazendas, denominada pelos índios como retomada, foi deflagrada após o STF (Supremo Tribunal Federal) considerar nulos os títulos de terra localizados em área indígena no sul da Bahia.

Os fazendeiros entraram com pedido de reintegração de posse na Justiça Federal de Corumbá. A audiência estava prevista para hoje, mas a juíza declarou incompetência e repassou a ação para o Supremo. No STF, já tramita há 25 anos uma ação em que produtores e índios disputam 160 mil hectares.

Conforme o MPF (Ministério Público Federal), as ações de reintegração de posse, impetradas pelos produtores rurais, devem ser incluídas no processo originário e julgadas pelo ministro Celso de Mello. Já o advogado dos fazendeiros, Carlos Souza, acredita que a ação vai tramitar em separado.

A história da terra dos kadiwéus remonta ao Segundo Reinado, quando o imperador Dom Pedro II doou a área como contrapartida pela participação dos indígenas na Guerra do Paraguai. A reserva tem 538 mil hectares.

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