Segundo Cimi, kadiwéus retomaram terra invadida por fazendeiros no Pantanal
Dos 538 mil hectares, 160 mil estão em disputa na Justiça desde 1987.
Em vez de invasão, uma retomada. Para o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) está é a leitura do conflito entre os kadiwéus e produtores rurais em fazendas de Corumbá e Porto Murtinho.
A entidade defende que os índios estão recuperando áreas invadidas pelos fazendeiros, que acabaram conseguindo título de posse da terra, apesar de ser área indígena. A demarcação da reserva dos kadiwéus foi em 1981.
Dos 538 mil hectares, 160 mil estão em disputa na Justiça desde 1987. Contudo, a história da terra dos kadiwéus remonta ao Segundo Reinado, quando o imperador Dom Pedro II doou a área como contrapartida pela participação dos indígenas na Guerra do Paraguai.
Nesta semana, após o STF (Supremo Tribunal de Justiça) considera nulos os títulos de terra localizados em área indígena no sul da Bahia, os kadiwéus ocuparam 12 fazendas em Mato Grosso do Sul, no que chamam de processo de retomada.
Presidente da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócios da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil), Lucas Abes Xavier, denunciou que os indígenas estão armados e usaram de violência para expulsar os proprietários e funcionários das fazendas.
“A história recente em Mato Grosso do Sul mostra que não é comum os índios usarem arma de fogo. É comum que eles sejam mortos por armas”, afirma Flávio Machado, do Cimi. De acordo com ele, existe farta documentação de que a totalidade da terra pertence aos kadiwéus.
Na ação que tramita há 25 anos no STF, há pelo menos 235 partes. Ontem, a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) solicitou, por meio de requerimento, urgência ao STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento da ação.
Conforme a OAB, a medida é essencial para evitar maiores confrontos e mortes na região pantaneira. Desta forma, foi solicitada a inclusão na pauta de julgamento da Suprema Corte de forma imediata.
A reserva indígena abrange áreas no Pantanal e na Serra da Bodoquena, e tem quatro aldeias: Bodoquena, Campina, Tomázia e São João.
Amanhã, o procurador do MPF (Ministério Público Federal), Emerson Kalif, vai ao local do conflito.