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Interior

Contra despejo, famílias bloqueiam rodovia e cobram área para acampar

As 1.300 pessoas que ocupam 450 moradias do programa “Minha Casa, Minha Vida” têm até segunda para deixarem residencial

Helio de Freitas, de Dourados | 08/05/2015 10:02
Invasores bloquearam rodovia e bateram boca com motorista de caminhão que ameaçou passar em cima de manifestantes (Foto: Eliel Oliveira)
Invasores bloquearam rodovia e bateram boca com motorista de caminhão que ameaçou passar em cima de manifestantes (Foto: Eliel Oliveira)

Famílias que há quase um mês ocupam 450 casas do Residencial Dioclécio Artuzi III fazem uma manifestação nesta manhã em Dourados, a 233 km de Campo Grande. As cerca de 1.300 pessoas que invadiram as moradias inacabadas protestam contra a ordem de despejo determinada pela Justiça e cobram da prefeitura uma área para montarem acampamento após a reintegração de posse.

Por cerca de 40 minutos, os sem-teto bloquearam o trevo que liga a rodovia BR-163 à MS-156, principal acesso ao Distrito Industrial de Dourados. Adultos carregando crianças na garupa da bicicleta pararam na frente dos veículos. Houve princípio de tumulto e um caminhoneiro ameaçou passar em cima dos manifestantes. Entretanto, a situação se acalmou e o trevo já foi liberado.

Tratados como lixo – “Nós estamos sendo tratados piores do que lixo, porque o lixo colocado nas ruas é recolhido todos os dias e estão querendo nos jogar na rua e nem um caminhão para recolher os moradores vai ter. Os moradores só aceitam deixar as casas se tiver outro local para se instalarem, senão vamos ficar na rua”, afirmou ao Campo Grande News um dos líderes do movimento, Diego Alves da Silva.

Segundo ele, as famílias decidiram ocupar as casas porque não têm onde morar e se propõem até a concluir as obras por conta própria. “A obra estava abandonada. Há vários meses eles não faziam nada aqui. Além disso sabemos que a maioria das pessoas sorteadas para essas casas não precisa”, afirmou o líder do movimento.

A empresa responsável pela construção contesta a denúncia e diz que as casas estavam na fase de acabamento. Já o Departamento de Habitação do município informa que o sorteio foi feito de acordo com os critérios determinados em lei e a aprovação dos contemplados foi feita pela Caixa Econômica Federal.

Localizado na região do Jardim Guaicurus, na margem da rodovia MS-156, o residencial faz parte do programa “Minha Casa, Minha Vida” e seria entregue no segundo semestre deste ano às famílias sorteadas pela prefeitura no ano passado.

Morador com duas crianças na garupa de bicicleta para em frente a veículo durante bloqueio de rodovia (Foto: Eliel Oliveira)
Morador com duas crianças na garupa de bicicleta para em frente a veículo durante bloqueio de rodovia (Foto: Eliel Oliveira)

Ordem de despejo – No dia 14 a juíza da 4ª Vara Cível, Daniel Vieira Tardin, concedeu liminar ao mandado de reintegração de posse à empresa LC Braga Incorporadora, responsável pela construção das casas. Nesta semana a Polícia Militar se reuniu com representantes das famílias e deu prazo até segunda-feira, dia 11, para desocuparem as moradias pacificamente.

De acordo com o comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Silva, as famílias têm até segunda-feira para sair das casas. “Na terça-feira vamos com um oficial de Justiça ao local para verificar se eles vão sair por bem ou não. A partir disso aí, já poderemos mobilizar o efetivo do batalhão de choque para cumprir a ordem judicial”.

Famílias que ocupam casas do Residencial Dioclécio Artuzi III protestam contra ordem de despejo (Foto: Eliel Oliveira)
Famílias que ocupam casas do Residencial Dioclécio Artuzi III protestam contra ordem de despejo (Foto: Eliel Oliveira)
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