Defensoria pede fim da fila de espera por cirurgia dos olhos, que tem 3,5 mil
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Mais de 3,5 mil pacientes de Dourados, distante 233 km de Campo Grande, estão na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) aguardando por uma cirurgia oftalmológica. Para tentar amenizar a situação, a Defensoria Pública da União iniciou uma ação na Justiça.
De acordo com o presidente do Fórum dos Usuários do SUS, Jorge Paulino Grosch, os usuários aguardam procedimentos de correção de desvio e cirurgias de cataratas, mas, segundo o Secretário Estadual de Saúde, Antônio Lastória, o Estado não poderá absorver esta demanda, já que Campo Grande também tem pacientes na fila.
Etapas - De acordo com o Jornal Dourados Agora, a ação movida pela Defensoria Pública da União, assinada pelo defensor Frederico Aluísio Carvalho Soares, pede que União, Estado e município, providenciem de forma imediata a cirurgia de catarata para todos os pacientes que estão aguardando. Outro pedido é que, em 15 dias, seja divulgada uma lista com o nome e o tempo de aguardo de todas as pessoas que estão na fila.
Desta forma, a Defensoria espera que, em até 90 dias depois da apresentação da lista, seja feito um plano para a extinção da fila de catarata por meio de todas as providências necessárias. Portanto, caso necessário, medidas como contratação de pessoal e adequação de espaço físico deverão ser tomadas para que todos os pacientes sejam atendidos em, no máximo, 12 meses.
Para isso, a ação pretende que 20% da verba do governo do Estado gasta com publicidade seja destinada ao custeio das despesas com os procedimentos cirúrgicos.
Mais de 80 pacientes procuraram solução para o impasse na Defensoria, segundo o defensor público federal Frederico Aluísio Carvalho Soares. “É grande a quantidade de pacientes que levam mais de um ano até que consigam realizar a simples cirurgia de catarata pelo SUS", contou Aluísio ao Jornal Dourados Agora.
Problema crônico - "São meses desde a consulta com o clínico geral até a consulta com o oftalmologista, e mais meses para o agendamento da cirurgia. Devido a esta demora, muitos tem que fazer os exames pré-operatórios duas vezes, o que acarreta um gasto em dobro para o SUS, pois os exames também são feitos através do serviço público", explica. "É nítida a má administração do sistema e a falta de investimentos no setor", finaliza, ainda ao Jornal Dourados Agora.
Segundo o defensor, em agosto de 2012 o único equipamento facoemulsificador utilizado pelo HU (Hospital Universitário) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) quebrou. Apesar de ser o único para a realização das cirurgias, só foi consertado em meados de 2013, período em que a fila das cirurgias parou.
Para agravar a situação, o HU agora só tem um médico especialista, quando antes contava com três. No entanto, a cirurgia é a única forma de tratamento para a doença e leva apenas 30 minutos para ser feita, não sendo necessária internação hospitalar após a realização. “Portanto, a interminável fila não é justificável, senão pela falta de estrutura e financiamento do sistema público de saúde”, completou Aluíso, ainda ao Jornal Dourados Agora.
Outro lado - Segundo o governo do Estado, foram disponibilizados mais de R$ 190 mil ao município de Dourados para a realização de cirurgias de catarata. No entanto, o defensor acredita que apenas 29% desse montante foi utilizado e que, portanto, não há falta de recursos para a realização dos procedimentos.
Para o Secretário Municipal de Saúde, Sebastião Nogueira, a situação já foi resolvida. Segundo Nogueira, já foi publicada uma portaria abrindo edital de pregão como objetivo de contratar uma empresa que fará as cirurgias. Entre 3 e 4 de setembro as empresas (hospitais de todo o Brasil) apresentarão documentação e propostas.
A informação é que a empresa vencedora fará um mutirão para realizar mil cirurgias de catarata. Conforme explicou Nogueira, os casos que não forem incluídos no mutirão serão atendidos no HU, que teria estendido o contrato com a Prefeitura para mais três meses.