Defesa de PMs presos por morte de vereador ganha acesso à investigação
Bruno e Valdeci se entregaram à polícia nesta sexta-feira (17); advogado cita legítima defesa
A defesa dos policiais suspeitos de matar o ex-vereador Wander Alves Meleiro, o "Dinho Vital", obteve no fim da tarde desta sexta-feira (17) o acesso aos autos da investigação. Mais cedo, Valdeci Alexandre da Silva Ricardo, de 41 anos, e Bruno César Malheiros dos Santos, 33 de idade, se entregaram depois de serem comunicados das ordens de prisão temporária.
De acordo com o documento obtido pela reportagem, o juiz de Direito da Comarca de Anastácio, Luciano Pedro Beladelli, deferiu a liminar que concede o direito de que todos os elementos já documentados sejam disponibilizados aos advogados que representam os envolvidos.
Para o advogado Lucas Arguelho Rocha, que representa os dois PMs, os clientes “apresentaram-se espontaneamente para cumprimento dos mandados de prisões temporárias”. Ele acredita, assim como Valdeci e Bruno, que tudo será esclarecido. “Acreditam e confiam no Poder Judiciário, e tão breve será elucidado o ocorrido, e assim confirmada as versões dos mesmos, que agiram no estrito cumprimento do dever legal e em clara legítima defesa”, afirma o defensor.
Arguello não informou em qual cárcere os clientes estão custodiados. “Por questões de segurança, não posso dizer onde estão e para onde vão. Mas eu já fiz a apresentação e inclusive já avisei o magistrado”.
De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), além dos dois mandados de prisão, foram cumpridos hoje três ordens de busca e apreensão, nas casas dos PMs e do ex-prefeito de Anastácio, Douglas Figueiredo (PSDB), que foi levado a delegacia por posse ilegal de armas de fogo. Os endereços vasculhados são nas “irmãs” Anastácio e Aquidauana.
Douglas deixou a prisão nesta sexta após pagar fiança estipulada em R$ 15 mil. O valor foi pago às 17h23, pouco mais de 20 minutos após a decisão judicial. O alvará de soltura foi expedido às 17h37. Na delegacia, Isabelle Sentinello, a delegada plantonista, deixou de estabelecer valor por se tratar de “infrações penais que, em concurso, não admite fixação de fiança pela autoridade policial”.
Diante do mesmo juiz que expediu a liminar de acesso, a defesa do ex-prefeito justificou ainda que depois da morte de Deval Figueiredo, vítima da covid-19 em 2022, o filho levou pertences do pai para casa, mas garantiu que a intenção do cliente era descartar as armas.
O caso – Dinho foi morto na BR-262, no fim da tarde da última quarta-feira, 8 de maio, logo após brigar com o ex-prefeito durante festa de comemoração do aniversário de 59 anos de Anastácio, em uma chácara próxima à rodovia.
Segundo relataram testemunhas, o ex-vereador, aparentemente alcoolizado, discutiu com o Figueiredo na festa. A briga começou depois que o atual prefeito, Nildo Alves (PSDB), anunciou que lançaria o tucano pré-candidato pelo partido, e foi separada por outros frequentadores.
O ex-vereador foi retirado do local, mas voltou armado e fez ameaças. Foi quando os policiais decidiram abordá-lo.
Testemunhas afirmam que os dois trabalham como seguranças de Douglas, mas ambos negam e alegam que estavam na festa por motivos diferentes. Valdeci explicou que foi convidado por amigo e Bruno afirmou em depoimento que estava de folga e fez parte da produção da banda contratada para animar a comemoração. O ex-prefeito também nega qualquer participação no crime.
Conforme os depoimentos de Valdeci e Bruno, Dinho Vital reagiu e houve troca de tiros. A vítima, contudo, levou um tiro nas costas. O Fiat Toro ficou com o pneu furado às margens da rodovia e uma arma foi encontrada próxima ao corpo.
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