Defesa pede liberdade de filho de prefeita preso por violência doméstica
Jorge Razuk Neto está há 11 dias preso, mas pode responder em liberdade ação por ameaça, desacato e violência doméstica
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul analisa pedido de habeas corpus para Jorge Razuk Neto, 41, preso em flagrante no dia 28 de novembro em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Acusado de violência doméstica, Jorge é filho mais velho da prefeita Délia Godoy Razuk (PR) e do ex-deputado estadual Roberto Razuk.
O caso está em segredo de justiça. O pedido de liminar começou a traminar na sexta-feira, mas ainda não foi analisado. O Campo Grande News apurou, no entanto, que Jorge continuava até a tarde desta segunda-feira (10) como interno da PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
Prisão – Jorge Razuk Neto foi autuado em flagrante na manhã de 28 de novembro na DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) por ameaça, apropriação indébita, desacato e violência doméstica após enforcar e ameaçar com uma faca a atual mulher, Fernanda Maria Vitória de Araújo, 40.
Na tarde do mesmo dia ele foi levado para a penitenciária. No dia seguinte passou por audiência de custódia no Fórum.
“Acolho a representação feita pelo Ministério Público Estadual e converto a prisão em flagrante em preventiva. Expeça-se mandado de prisão em desfavor de Jorge Razuk Neto. Dê-se ciência à vítima quanto à decretação da prisão preventiva”, despachou o juiz, durante a audiência de custódia. Entretanto, a prisão preventiva durou uma semana e Jorge Razuk Neto já deixou a prisão.
Além da violência contra a mulher,ele é acusado de ameaçar o enteado, Kalkri Avatara Vitório Araújo Cirino, 18, que interferiu ao ver a mãe sendo enforcada, e conseguiu retirá-la das mãos do padrasto. Jorge Razuk ainda foi autuado por desacato contra os guardas municipais chamados para atender a ocorrência. Como o caso está protegido pelo segredo de justiça, não foi possível descobrir o motivo da denúncia por apropriação indébita.
Violência e ameaça – Por volta de 7h40 de 28 de novembro, a Guarda Municipal foi chamada para atender um caso de violência doméstica em uma residência localizada na Rua Izzat Bussuan, na Vila Aurora, região nobre de Dourados.
Quando a equipe comandada pelo subinspetor Ademar Cabral de Araújo chegou ao local, foi informada por Kalkri que seu padrasto estava tentando matar sua mãe. Fernanda e os três filhos estavam na esquina, assustados e nervosos, segundo relataram os guardas.
Quando a equipe da GM se aproximou, Jorge teria começado a gritar que iria retirar a farda dos guardas e mandando-os cuidarem do patrimônio público, “que está abandonado”. Afirmou que só receberia a Polícia Militar. Jorge também teria ofendido o subinspetor Cabral, chamando-o de “viadinho” e pedindo para largar a arma e fosse para a briga com ele.
Policiais militares chegaram ao local e entraram no quintal. Após conversarem com o acusado, deixaram o local alegando que a Guarda Municipal tinha chegado primeiro e era responsável pela ocorrência.
Jorge Razuk só se acalmou com a chegada do comandante da Guarda Municipal, Sílvio Reginaldo Peres Costa. Ele conseguiu convencer o acusado a seguir até a Delegacia da Mulher. Jorge foi no próprio carro, segundo a ocorrência.
Kalkri contou que as agressões começaram quando Fernanda disse a Jorge Razuk que queria a separação. Nesse momento, o rapaz diz ter ouvido gritos e ao entrar no quarto do casal viu o padrasto enforcando Fernanda, prensando-a contra o guarda-roupa e segurando uma faca de cabo amarelo na outra mão.
O rapaz disse que conseguiu tirar a mãe das mãos de Jorge e correr com as irmãs pequenas e Fernanda para a rua, onde pediram ajuda aos vizinhos. Kalkri contou ter sido ameaçado por Jorge Razuk. Antes da Guarda Municipal chegar, ele saiu na frente da casa e o ameaçou, dizendo “você cresceu para cima de mim porque está fazendo academia e jiu-jítsu. Você vai ver, eu vou atrás de você”.
(Matéria editada às 19h para correção de informação)