Dívida com aluguel chega a R$ 727 mil e rombo deixado na saúde só aumenta
Devido ao colapso deixado por ex-prefeita, surgiu na Câmara movimento por CPI da Saúde em Dourados
O colapso financeiro deixado na Prefeitura de Dourados pela gestão da ex-prefeita Délia Razuk (sem partido) piora a cada dia e coloca em risco o atendimento à população da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul localizada a 233 km de Campo Grande.
O rombo na saúde é o mais preocupante e já fez surgir na Câmara de Vereadores movimento a favor de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a crise, principalmente da Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados). Criada em 2014, a fundação administra o Hospital da Vida e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Na semana passada, Milton Batista Pedreira Junior, empossado em janeiro como diretor-presidente da Funsaud, disse que a dívida da fundação supera os R$ 70 milhões, boa parte com fornecedores e terceirizados. Nessa lista está a empresa que instalou e opera os leitos de UTI, fundamentais para salvar vidas durante a pandemia do novo coronavírus.
Hoje (2), surgiu outro rombo, agora provocado por aluguéis atrasados de prédios ocupados por unidades e programas de saúde. Segundo o secretário municipal de Saúde, Frederico de Oliveira Weissinger, o município acumula dívida de R$ 727,4 mil com aluguéis atrasados.
Levantamento feito pela secretaria revelou 26 locais usados para abrigar estruturas da Saúde municipal com aluguel atrasado. Alguns estão sem pagamento desde 2019, como é o caso do almoxarifado e a sede do Conselho Municipal de Saúde.
O aluguel do imóvel onde funciona o Programa de Tuberculose e Hanseníase está ainda mais atrasado: foi pago pela última vez em dezembro de 2018. “Todas essas dívidas são de 2019 e 2020. Estamos fazendo levantamento de tudo que ficou sem pagar para iniciar planejamento e sanar o problema”, prometeu o secretário.
Weissinger citou outros espaços considerados importantes para o trabalho da saúde com aluguel atrasado, como os Caps (Centros de Atendimento Psicossocial), Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), unidade do IST/Aids e postos de saúde.
CPI – Na primeira sessão ordinária, na noite de ontem, começou a ganhar força o movimento em defesa da CPI para investigar o rombo nas finanças da Secretaria de Saúde. Lia Nogueira (PP) e Marcelo Mourão (Podemos) cobraram explicações sobre a dívida da Funsaud. Daniela Hall (PSD) e Fábio Luís (Republicanos) apontam divergência entre o que foi apresentado pela gestão passada e os números divulgados pela atual administração.
Segundo o grupo de vereadores, a Câmara e a população de Dourados precisam de explicações sobre a dívida da Funsaud, por meio de CPI ou auditoria externa contratada pela prefeitura. Afirmam que o objetivo não seria só apontar culpados, mas buscar soluções para o caos instalado na saúde.
Se a ideia de CPI for para frente, fica a dúvida sobre qual será a posição de vereadores que faziam parte da tropa de choque de Délia Razuk na Câmara e os novatos, eleitos no palanque apoiado pela ex-prefeita em novembro do ano passado.
Liandra Brambilla (PTB), que fez campanha e conquistou uma das 19 vagas do Legislativo com o nome de “Liandra a Saúde”, foi uma das mais fiéis escudeiras de Délia Razuk. Em discurso na primeira sessão ordinária da Câmara, ela prometeu mandato pautado na defesa da saúde pública de Dourados e no fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde).
“Essa área terá todo meu respaldo, pois a população precisa de atendimentos de qualidade, com competência. A saúde será minha bandeira nessa gestão”, afirmou Liandra. Entretanto, ela não fez qualquer referência à crise na saúde deixada pela administração da qual fez parte.