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Interior

Droga chegava todos os dias a entreposto do PCC pelo Rio Apa

Informação foi revelada por Cleilson Barbosa Neves, preso ontem pela PF em fazenda em Bela Vista

Por Helio de Freitas, de Dourados | 18/10/2023 16:49
Cleilson Barbosa Neves mostra tatuagens ao ser “fichado” pela Polícia Federal (Foto: Reprodução)
Cleilson Barbosa Neves mostra tatuagens ao ser “fichado” pela Polícia Federal (Foto: Reprodução)

O Rio Apa, que separa o Paraguai de Mato Grosso do Sul na região de Bela Vista, é mais uma “porta de entrada” de drogas e armas trazidas por facções criminosas brasileiras do país vizinho e despachadas para os grandes centros brasileiros. Transportadas em pequenos barcos, cargas de maconha chegam ao local todos os dias e de lá são distribuídas por terra.

Nesta terça-feira (17), policiais federais, com apoio de equipes da Polícia Civil e do helicóptero da Segurança Pública de MS, estouraram entreposto montado para armazenamento de drogas e armas na Fazenda São Joaquim.

Policiais na margem do Rio Apa, ontem (Foto: Divulgação)
Policiais na margem do Rio Apa, ontem (Foto: Divulgação)

A propriedade fica a cem metros do rio. Do outro lado da margem é o território paraguaio. Fontes policiais informaram ao Campo Grande News que o entreposto pertencia ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Cleilson Barbosa Neves, 44, preso na fazenda, disse que o tráfico domina as margens do rio e há travessias diárias de droga. Com prisão decretada pela comarca de Aquidauana por tráfico de drogas, Cleilson foi o único localizado na fazenda.

Como na propriedade foram encontrados 9,5 quilos de maconha, uma escopeta calibre 12, uma carambina calibre 38 e outra calibre 22, além de 30 cartuchos calibre 12, Cleilson foi autuado em flagrante por tráfico de drogas e por posse ilegal de armas e munições.

Armas e droga apreendidas em fazenda (Foto: Reprodução)
Armas e droga apreendidas em fazenda (Foto: Reprodução)

Em depoimento à PF, ele afirmou que estava morando na fazenda há 15 dias, após ser contratado como caseiro da propriedade. Antes de ir trabalhar no local, afirmou que atuava em plantações de maconha, gergelim, milho e melancia no lado paraguaio.

Cleilson Neves declarou que outras pessoas estavam na fazenda, mas foram embora aos poucos. Como era procurado pela polícia, decidiu permanecer na propriedade temendo ser preso. Somente após a chegada de outro caseiro, iria retornar para o Paraguai.

No depoimento, Cleilson contou ainda que a fazenda era usada para pernoite de trabalhadores que atuam nas roças de maconha, cultivadas em reserva ambiental do lado paraguaio da fronteira.

Sobre a droga encontrada na fazenda, disse que ele próprio trouxe da plantação onde trabalhava no Paraguai. Também assumiu ser dono da escopeta calibre 12. Já as demais armas, segundo ele, eram da fazenda. Cleilson foi levado ainda ontem para a Unidade Penal Ricardo Brandão, em Ponta Porã.

Segundo a PF, Cleilson faz parte de organização criminosa formada por brasileiros e paraguaios, considerada extremamente violenta. Além do tráfico de drogas e de armas, os bandidos são responsáveis por diversos homicídios ocorridos na região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai.

A fazenda utilizada como depósito de drogas e de armas, bem como refúgio de foragidos ligados à facção criminosa, fica em local ermo, para dificultar a aproximação da polícia.

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