Em clima de guerra, índios tomam fazenda Buriti e barram imprensa
Em clima de guerra, 600 índios tomaram a fazenda Buriti, em Sidrolândia. Hoje, às 15h, vencia o prazo para a saída dos terenas, que estão na propriedade rural desde quarta-feira.
A imprensa foi recepcionada por índios armados com porretes e facão. Encapuzados e com pinturas pelo corpo, o grupo foi taxativo. Os jornalistas não poderiam entrar na fazenda, nem fazer fotografias ou anotar entrevistas. As ordens foram dadas ao som de rojões.
O procurador Emerson Kalife Siqueira, do MPF (Ministério Público Federal), foi ao local para negociar com os índios. No inicio da tarde, os terenas invadiram a sede da fazenda, que pertence a Jussimara Bacha. Informações dão conta que Ricardo Bacha e a família foram retirados às pressas pela PF (Polícia Federal), que desde o começo da invasão monitora a situação.
Segundo o vereador indígena Cleidinaldo Marcelino Cotocio (PP), o movimento foi pacífico. Ele também nega que o grupo esteja armado. “Falam que índio é preguiçoso, mas já estão gradeando a terra, preparando o plantio”, afirma.
Dono da fazenda Quitéria São José, invadida pelos índios há três meses, Paulo Bacha estava a caminho da fazenda do primo, mas desistiu de prosseguir ao saber da nova situação. Ele conta que o grupo já matou 300 cabeças de gado e fez sua mãe refém.
Na fazenda Cambará, também ocupada nesta semana, os terenas estão acampados na entrada do imóvel rural. O acesso é impedido por galhos de árvores. Na quinta-feira, saiu decisão judicial para que quatro fazendas fossem desocupadas: Querência São José, Santa Helena, Buriti e a Cambará. Foi feito um acordo para que os indígenas deixassem as fazendas até às 15h de hoje.
Os terenas ocupam desde maio de 2011, a fazenda 3R, também da família Bacha. A série de ocupações é parte da reivindicação dos 17 mil hectares da aldeia Buriti que estão na posse de fazendeiros e que foram identificados em 2011 como terras indígenas. Atualmente, cerca de cinco mil índios vivem em apenas 2,1 mil hectares.