Em MS, está a 5ª cidade do país que mais acolheu venezuelanos
Segundo o Governo Federal, entre 2018 e 2024, foram acolhidos 4.248 mil migrantes e refugiados em Dourados
Entre abril de 2018 e janeiro de 2024, Dourados, a 251 km de Campo Grande, foi a quinta cidade brasileira que mais recebeu migrantes e refugiados venezuelanos através da Operação Acolhida. Segundo dados do Governo Federal, foram acolhidos 4.248 mil migrantes e refugiados neste município.
É importante ressaltar que, conforme anteriormente noticiado, os imigrantes venezuelanos já constituem a maior comunidade estrangeira em Mato Grosso do Sul. A Polícia Federal reportou que o Estado abriga 10.827 venezuelanos, superando os imigrantes paraguaios, que totalizam 9.789 residentes.
De acordo com o coordenador-geral de Imigração Laboral do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Jonatas Luis Pabis, Mato Grosso do Sul difere de outros estados brasileiros, pois uma cidade do interior se destaca como o principal polo de acolhida de migrantes e refugiados.
"Normalmente, nos estados brasileiros, são as capitais que atraem a maior parte da população imigrante, pois já contam com mais estrutura governamental para oferecer apoio e serviços públicos. Mato Grosso do Sul tem uma peculiaridade. O maior polo de concentração de imigrantes não está na Capital, mas sim na região de Dourados. Isso se caracterizou com a vinda dos primeiros haitianos em grande fluxo a partir de 2010", explica Jonatas.
Segundo ele, a oferta de emprego, especialmente no setor frigorífico, tornou Dourados um destino mais atrativo para os migrantes. "No caso específico de Dourados, essas pessoas vieram devido às necessidades de mão de obra. Então, um dos grandes temas que discutimos quando falamos de migração é a inserção no mercado de trabalho”.
Conforme explica Jonatas, um dos principais desafios na formulação de políticas públicas de migração é a regularização da documentação dos migrantes e refugiados, além de proporcionar oportunidades de trabalho. "O trabalho é uma motivação central na hora de migrar. As pessoas se identificam com o que fazem. Oferecer oportunidades de emprego é essencial para garantir dignidade e permitir que as pessoas recomecem suas vidas”, acrescenta.
Hoje, segundo o coordenador-geral de Imigração Laboral do Ministério da Justiça, os venezuelanos e haitianos são os dois grupos que mais foram integrados ao mercado de trabalho brasileiro. No entanto, o desafio também reside em oferecer empregos dignos e enfrentar a exploração do trabalho e o subemprego.
É importante lembrar que, antes das grandes ondas de imigração haitiana e venezuelana, o Brasil recebia principalmente bolivianos, peruanos e paraguaios, que frequentemente trabalhavam nas indústrias têxteis de São Paulo em condições precárias. Portanto, um dos principais debates atuais é como promover a inserção laboral e garantir trabalho decente para migrantes e refugiados”, comenta Jonatas.
Na última sexta-feira (22) e sábado (23), aconteceu a primeira Cemigrar-MS (Conferência Estadual de Migrações, Refúgio e Apatridia), um evento voltado para aprofundar o debate sobre migrações, refúgio e apatridia, além de discutir recomendações para políticas públicas.
Durante a conferência, foram eleitos oito delegados de Mato Grosso do Sul para representar o estado na 2ª Comigrar (Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia), que está marcada para junho deste ano, em Foz do Iguaçu (PR).
Entre os imigrantes eleitos da Capital, foram eleitos Junel Ilora, representante haitiano, e José Luís Morales, que representa a comunidade venezuelana. No interior do Estado, os delegados escolhidos foram Sofia Caroline Gonzalez Romero, de Dourados, e Angela Caridade Sora, de Cassilândia, ambos venezuelanos.
Já os delegados brasileiros, da Capital, são Niura Montalvão e Andréa Cavararo. Do interior do Estado, foram selecionados Arthur Pinheiro de Azevedo Bonzatto, de Dourados, e Solange Nines Pereira, de Nova Andradina.
Interiorização - Durante o período mencionado, mais de 125 mil migrantes e refugiados venezuelanos foram interiorizados pelo Brasil, através da Operação Acolhida, vivendo atualmente em mais de mil municípios de todas as regiões do país.
A Operação Acolhida é estruturada em torno de três eixos: ordenamento de fronteira, acolhimento e interiorização. A estratégia de Interiorização teve início em abril de 2018 e consiste na realocação voluntária, segura, ordenada e gratuita de refugiados e migrantes venezuelanos, em situação de vulnerabilidade, de Roraima para outras cidades do Brasil.
O objetivo da operação é proporcionar melhores oportunidades de integração e reduzir a pressão sobre os serviços públicos existentes, principalmente em Roraima, na fronteira norte do Brasil com a Venezuela.
O Comitê Federal de Assistência Emergencial, presidido pela Casa Civil da Presidência da República, coordena o trabalho intersetorial da resposta humanitária, com o apoio das Forças Armadas, agências da ONU (Organização das Nações Unidas), organizações da sociedade civil, organismos internacionais, entidades privadas e órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além dos entes federativos.
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