Em protesto, CUT e Simted chamam terceirização de "pior golpe desde 64"
Mobilização começou às 9h na Praça Antonio João, centro de Dourados; escolas públicas suspenderam as aulas até meio-dia
Trabalhadores de vários órgãos públicos e professores das redes municipal e estadual de ensino de Dourados, a 233 km de Campo Grande, participam na manhã desta quarta-feira de uma manifestação contra o projeto de terceirização, que começou a ser votado ontem na Câmara Federal. O movimento é organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) e faz parte da paralisação nacional que acontece hoje contra o PL 4330.
As duas entidades sindicais fazem campanha contra o projeto de lei e citam uma frase do professor Ruy Braga, da USP (Universidade de São Paulo), que considera a terceirização “a maior derrota popular desde o golpe de 64”. Além de passeata em ruas do centro, o ato inclui uma palestra em praça pública sobre a terceirização. A Rua Joaquim Teixeira Alves foi interditada pelos manifestantes no cruzamento com a Rua João Cândido Câmara.
Educadores e funcionários administrativos de escolas municipais de Dourados aproveitam o ato para protestar contra a prefeitura, que não estaria cumprindo o acordo firmado no ano passado para acabar com a greve iniciada em julho.
Segundo o Simted, o município se nega a dialogar com a categoria, não tomou as medidas para incluir os administrativos no PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração) e também não iniciou as negociações para adotar, a partir de 2016, o piso nacional para 20 horas semanais. Atualmente o piso é pago para 40 horas de trabalho por semana.
Na semana passada a prefeitura mandou para a Câmara de Vereadores o projeto de lei reajustando em 13,01% o piso nacional do magistério, aprovado na sessão de segunda-feira, dia 13. Entretanto, o sindicato afirma que os administrativos não foram incluídos e podem ficar sem reajuste de salário.
Terceirização – Para a CUT e o Simted, além de um ataque à democracia a terceirização vai representar menos emprego, salários até 30% menores, trabalhadores sem férias regulares, mais rotatividade no emprego, mais horas trabalhadas sem remuneração e fim dos sindicatos.
No serviço público, conforme as entidades, o projeto em votação no Congresso vai acabar com os concursos, falir os regimes de previdência própria, dificultando a aposentadoria de efetivos e maior corrupção através das empresas contratadas.
Ontem, a Câmara Federal suspendeu a votação do projeto, permitindo mais tempo para negociações com partidos e entidades contrárias à lei da terceirização. Uma proposta apresentada pelo PSDB, excluindo empresas públicas e de economia mista do projeto, foi o único destaque aprovado.