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Interior

Ex-comandante “linha dura”, Adib é reverenciado em aniversário do DOF

Fundador do departamento na década de 80, coronel da reserva da Polícia Militar ficou famoso após defender execução de criminosos em conversa gravada por repórter do SBT, em 1995

Helio de Freitas, de Dourados | 01/06/2016 13:51
Coronel Adib Massad durante cerimônia para comemorar 29 anos do DOF (Foto: Eliel Oliveira)
Coronel Adib Massad durante cerimônia para comemorar 29 anos do DOF (Foto: Eliel Oliveira)
Adib Massad foi um dos mais solicitados para posar para fotos (Foto: Eliel Oliveira)
Adib Massad foi um dos mais solicitados para posar para fotos (Foto: Eliel Oliveira)

Os mais jovens demoraram um pouco para entender porque tanta tietagem e convites para tirar fotos ao lado daquele senhor de cabelos e bigode grisalhos que estava hoje de manhã no saguão do Teatro Municipal de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, onde ocorria a cerimônia de aniversário de 29 anos do DOF (Departamento de Operações de Fronteira).

Policiais, políticos, empresários e produtores rurais faziam questão de levar uma lembrança ao lado de uma das maiores lendas da fronteira, o coronel Adib Massad.

Aos 87 anos, mas muito bem fisicamente e dono de uma voz forte e declarações contundentes, o coronel da reserva da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi mais uma vez reverenciado no aniversário do departamento que ele ajudou criar, em 1987, e que comandou por seis anos, na época ainda chamado de GOF (Grupo de Operações de Fronteira).

“Volta Adib” – Duas décadas depois de deixar o comando do departamento, o veterano militar ainda escuta as clássicas frases: “que saudade do tempo do Coronel Adib” e “Volta, Coronel Adib”.

Adib Massad ficou nacionalmente conhecido após expor métodos nada politicamente corretos em conversa gravada, sem que ele soubesse, por um repórter do SBT, e exibida em 1995. Com câmera e microfones ligados sem o conhecimento de Adib, o então comandante do GOF insinuou que policiais do grupo executavam suspeitos de crimes.

Na época, o GOF de Adib Massad já tinha fama de enfrentar os bandidos à bala, principalmente arrastadores de carros, que existiam aos montes na fronteira com o Paraguai. O órgão da segurança pública chegou a ser denunciado por organismos de direitos humanos e policiais do GOF foram investigados, mas nada ficou comprovado.

As declarações de Adib Massad mostradas em rede nacional de televisão o transformaram em lenda, mas custou seu cargo. O então governador Wilson Barbosa Martins o exonerou do comando do GOF e o Ministério Público pediu a abertura de inquérito para investigar o caso, que não deu em nada.

Do GOF para a política – Criticado pelos defensores dos direitos humanos, Adib Massad provou nas urnas a popularidade que tinha entre os moradores de Dourados. Em 1996 foi eleito vereador com 2.830 votos. Em 1997, no primeiro ano do mandato, admitiu em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” que ia armado para as sessões e que tinha saudade da época que trabalhava em barreiras nas estradas.

Adib Massad não tem mais o mesmo discurso. Hoje, logo após acompanhar a cerimônia de aniversário do DOF, ele disse que o Brasil mudou muito e atualmente é preciso ter mais policiamento nas ruas para cumprir a lei. “É preciso ter vontade [para melhorar a segurança pública]. Dificuldade sempre existiu, mas tudo muda com o tempo”.

Massad disse que tem saudade da época em que comandava o GOF, mas sua idade não permite sonhar em voltar para a ativa. “Tem muita gente boa e esforçada cumprindo a missão”.

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