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Interior

Família de pescadores é internada após tentar salvar abelhas do fogo no Pantanal

Prejuízo das vítimas ultrapassam os R$ 10 mil, após perder caixas do apiário que serviam de renda extra

Por Gabriela Couto | 20/11/2023 20:02
Fumaça e imagem cinza foi o que restou após a passagem do incêndio florestal no Pantanal, em Miranda (Foto: Osmar Xavier)
Fumaça e imagem cinza foi o que restou após a passagem do incêndio florestal no Pantanal, em Miranda (Foto: Osmar Xavier)

Uma família de pescadores pantaneiros que se dedica nos últimos anos à produção de mel para auxiliar na renda extra acabou parando no hospital neste domingo (19), após tentar salvar as abelhas que ficam em caixas instaladas em árvores na beira do Rio Miranda, no município de mesmo nome, localizado a 201 km de Campo Grande.

Após saberem que o incêndio florestal se aproximava, um grupo saiu há uma semana para monitorar os enxames de abelha europa que produzem mel pantaneiro. “Foi pavoroso. Ficamos uma semana tentando combater a chama. Igual esse incêndio eu nunca via, queimou até a beira da água. O vento foi muito forte, tentamos socorrer as primeiras caixas, mas o fogo ultrapassou a gente”, lamenta Osmar Xavier Bandeira, 51 anos.

O pescador e apicultor só saiu do hospital nesta segunda-feira (20), após ser reidratado. Por conta do trabalho com abelhas que ferroam, ele precisava ficar com os equipamentos de segurança, não podendo beber água e inalando muita fumaça. Eles não concluíram o percurso planejado, pela gravidade do quadro de saúde de Osmar.

“Era fumaça demais, fogo pulava de um lado para outro muito facilmente, ficamos cercados. Uma judiação. Vimos bicho morto, machucado. Morreu muita abelha. Consegui salvar algumas caixas, as outras derreteram tudo”, lamenta.

Apesar de ter um prejuízo maior de R$ 10 mil, ele que cresceu no Pantanal estava mais desolado com as cenas que viu da chalana. “Nunca vi tão feio desse jeito, assustador. As chamas subiam nas copas das árvores. Matou árvore centenária. Não sei se é uma região de difícil acesso, mas não apareceu ninguém para apagar enquanto estávamos lá”.

A irmã dele, Nilza Bandeira Zwikqer, 58 anos, também ficou hospitalizada com os mesmos sintomas. Ela subiu o Rio Miranda na quarta-feira (15), planejando alimentar as abelhas e avaliar se era preciso manejá-las por conta do incêndio.

“Descemos, já sabendo que estava queimando, mas não na região do Miranda. Fomos ver o que podia fazer para salvar as colmeias de abelha que estavam cheias de mel. Mas tinha um vento muito forte, a fagulha atravessava o rio de um lado para o outro”, conta.

Ela afirma ter vivido momentos desesperadores. “As caixas que achamos que não iam queimar acabaram queimando tudo. Ficamos ilhados no fogo e tive que acabar largando para trás. Vi as colmeias derretendo no fogo. O mel do Pantanal era um meio de vida que tínhamos”. Dona Nilza perdeu tudo e quase morreu por desidratação.

Segundo o médico que atendeu a pescadora e apicultora, se o socorro tivesse demorado, ela poderia ter sofrido falência múltipla dos órgãos. “Tô mais abalada porque perdemos floresta, bichos. Não vamos recuperar mais. Essa parte que morreu acabou, não vai ter mais pra ninguém. Vi onça, passarinho que é só de árvore, seriema, cotia, paca, tudo na beira do rio. Animais que não vemos durante o dia, mas que estavam lá tentando escapar do fogo”.

Quem quiser ajudar a família o contato é (67) 9 9229-7910 (Osmar) e (67) 9 9274-8619 (Nilza).

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