Fazendeiros presos por ataque a índios têm liberdade negada pela Justiça
Três dos cinco fazendeiros presos por envolvimento em um ataque a indígenas em junho do ano passado em Caarapó - município localizado a 283 km de Campo Grande -, tiveram o pedido de liberdade provisória negado pela Justiça Federal de Dourados. A decisão aconteceu no sábado (30), dois dias após os envolvidos serem detidos novamente.
As prisões aconteceram devido a revogação de liminar pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os produtores rurais são acusados pelo MPF (Ministério Público Federal) de atacar indígenas na Fazenda Yvu. Conforme a defesa dos presos, os fazendeiros se apresentaram de forma espontânea à polícia.
Dionei Guedin, Eduardo Yoshio Tomonaga e Jesus Camacho alegaram que, no período em que permaneceram em liberdade, nada fizeram para prejudicar o andamento processual ou a colheita de provas, tampouco colocaram em risco a ordem pública, a instrução penal ou a aplicação da lei penal.
Porém, o juiz federal Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, por sua vez, decidiu pela manutenção da prisão preventiva com base na gravidade dos fatos, no mesmo sentido de parecer emitido pelo Ministério Público, que considerou "notória possibilidade de fuga", já que o réus estão em área de fronteira.
"A prisão preventiva fundamenta-se na gravidade concreta da ação, dado o modus operandi adotado pelo grupo, que vitimou membros da comunidade indígena com armamento letal", sustenta o magistrado, que completa.
"Vale destacar que a comunidade indígena não só estava em menor número, como era composta, também, por mulheres e crianças, de forma que até mesmo a possibilidade de resistência é questionável, o que sobreleva a desproporção da ação", frisa.
Ataque – O ataque aos indígenas, ocorrido em 14 de junho, aconteceu dois dias depois de invasão na Fazenda Yvu. Os proprietários afirmam que os índios também atiraram, mas não houve registro de feridos do outro lado do confronto.
Em retaliação ao ataque organizado pelos fazendeiros, os índios investiram contra um caminhoneiro que seguia na estrada ao lado da aldeia, queimaram o caminhão e uma colheitadeira. Três policiais militares que seguiam para a área de conflito também foram atacados, espancados com pedaços de pau e tiveram as armas e os coletes roubados.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) sustenta que os indígenas têm direito às fazendas, que ficariam dentro dos limites da Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I.