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Interior

Fazendeiros tinham arsenal compatível com armas usadas em ataque, diz MPF

Onze armas e 310 cartuchos foram encontrados com quatro proprietários rurais presos na quinta-feira por ordem da Justiça

Helio de Freitas, de Dourados | 22/08/2016 11:10
Índio mostra cartuchos recolhidos em local onde houve ataque, em junho (Foto: Helio de Freitas)
Índio mostra cartuchos recolhidos em local onde houve ataque, em junho (Foto: Helio de Freitas)
Cartuchos deflagrados recolhidos na fazenda Yvu, em junho (Foto: Helio de Freitas)
Cartuchos deflagrados recolhidos na fazenda Yvu, em junho (Foto: Helio de Freitas)

Onze armas e 310 cartuchos foram apreendidos com os quatro fazendeiros presos quinta-feira (18) acusados pelo ataque que deixou seis índios feridos e um morto, no dia 14 de junho deste ano, em Caarapó, a 283 km de Campo Grande. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), as armas são compatíveis com os vestígios encontrados na fazenda Yvu, onde ocorreu o tiroteio, há dois meses.

Na quinta-feira, a Polícia Federal prendeu Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo, Eduardo Yoshio Tomonaga, o “Japonês”, e Nelson Buainain Filho. A prisão preventiva deles foi decretada no dia 5 de julho pelo juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Leandro André Tamura. Dionei Guedin também teve a prisão preventiva decretada, mas não foi encontrado pela PF.

Conforme o MPF, a força-tarefa “Avá Guarani”, que resultou na prisão dos fazendeiros, encontrou 11 armas, 310 cartuchos e dois carregadores de pistola nas residências e propriedades dos fazendeiros.

De acordo com os autos de apreensão, foram encontrados dois revólveres e um rifle calibres 38, uma pistola calibre 380 e sete espingardas calibres 16, 22, 28, 32, 36 e 38. Dos 310 cartuchos recolhidos, 91 eram de calibre 22, 67 para pistola 380 e 54 unidades de calibre 38.

“Destaca-se que foram apreendidos carregadores sem a respectiva arma e que armamentos registrados em nome dos fazendeiros presos não foram localizados”, informa nota da assessoria do MPF.

Indícios – O Ministério Público Federal afirma que o resultado da busca e apreensão reforça as investigações. “A perícia feita no local do ataque à comunidade encontrou projéteis deflagrados em calibres compatíveis com as munições apreendidas”, informou o órgão federal.

Segundo o MPF, as investigações sobre os ataques aos índios continuam. Dos cinco mandados de prisão, quatro foram cumpridos pela polícia e os proprietários rurais permanecem encarcerados na Penitenciária Estadual de Dourados.

Disputa pela terra – O MPF lembra que os índios atacados em junho pertencem à comunidade Tey Kuê e que a fazenda Yvu faz parte da Terra Indígena Dourados Amambaipeguá, cujo relatório de identificação foi publicado em maio deste ano pela Funai.

De acordo com os relatos dos índios, de 200 a 300 pessoas em aproximadamente 40 caminhonetes participaram do ataque, disparando tiros de arma de fogo. Cartuchos de espingarda e de pistola foram recolhidos e mostrados à reportagem do Campo Grande News que esteve no local de conflito um dia após o ataque.

Conforme o MPF, a força-tarefa Avá Guarani foi instituída pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, para apurar crimes contra comunidades indígenas de MS. Em 10 meses de investigações, doze pessoas já foram denunciadas por formação de milícia privada contra os índios em outro caso e, agora, quatro foram presas preventivamente.

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