Juiz nega pedido verbal e fazendeiros continuam presos por atirar em índios
Três proprietários rurais estão presos em Dourados e um em Campo Grande; quinto acusado pelo ataque ocorrido em junho está foragido
O juiz federal Moisés Anderson da Costa Rodrigues da Silva negou o pedido verbal para relaxamento da prisão preventiva dos fazendeiros Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo, Nelson Buainain Filho e Eduardo Yoshio Tomonaga, o “Japonês”, presos na quinta-feira (18) pelo ataque a tiros contra índios na fazenda Yvu, no dia 14 de junho deste ano.
Um quinto pecuarista, Dionei Guedin, também teve a prisão preventiva decretada, mas não foi encontrado pela PF e ainda nãos e apresentou.
Durante as audiências de custódia, realizadas na tarde desta sexta-feira (19) na Justiça Federal em Dourados, a 233 km de Campo Grande, Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo Eduardo Tomonaga foram levados à presença do juiz. Nelson Buainain Filho, dono da fazenda Yvu, onde ocorreu o confronto que terminou com seis índios feridos a tiros eu um morto, está preso em Campo Grande.
A defesa solicitou o relaxamento da prisão, mas o magistrado considerou não ser o momento oportuno para o pedido e disse que vai se manifestar com base no pedido feito por escrito, após parecer do MPF (Ministério Público Federal). Foi o MPF que solicitou a prisão dos fazendeiros, decretada no dia 5 de julho pelo juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Leandro André Tamura.
Paulo Sérgio, funcionário de Dionei Guedin e que foi detido ontem por posse ilegal de arma, também continua preso. Ele não aparece entre os acusados pelo ataque aos índios, mas foi preso pela Polícia Federal por posse ilegal de armas encontradas em sua casa. O caso dele está no Fórum da Justiça Estadual, em Caarapó.
As prisões – De acordo com a assessoria do MPF, a prisão dos ruralistas faz parte da força-tarefa “Avá Guarani”, desencadeada para investigar o ataque armado que resultou em seis índios feridos a tiros e na morte do agente de saúde indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, 26, alvejado por disparos na barriga e no peito.
“De acordo com as investigações, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado”, afirma o MPF.
Para o Ministério Público Federal, as prisões visam garantir a ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região – “que já sofreram novo ataque, em 11 de julho, o qual deixou outros três índios feridos, dois deles, adolescentes”.
O ataque aos índios ocorreu no dia 14 de junho, dois dias depois da invasão da fazenda Yvu. Em julho, a Justiça Federal determinou a reintegração de posse da fazenda. A Funai recorreu ao Tribunal Regional Federal, mas o TRF manteve a reintegração. Outras dez propriedades estão ocupadas pelos índios em Caarapó.