Fogo no Pantanal mata até peixes e suspende hospedagem de turistas
Casa de apicultor também foi consumida por incêndio descontrolado
As queimadas no Pantanal acabaram com criação de abelhas, suspenderam hospedagem de turistas e mudaram rotas do turismo ecológico. As situações foram relatadas por moradores de Miranda, cidade que fica a 208 km da Capital.
José Augusto Da Silva, de 57 anos, contou ao Campo Grande News que o incêndio atingiu sua propriedade na última terça-feira (21). Na ocasião, o homem estava no município de Aquidauana. Foi por meio de vídeo mostrando o que restou de sua casa que José foi avisado sobre o ocorrido. “Quando recebi esse vídeo, eu estava chegando em Aquidauana, aí falei pra ele que ia voltar para lá e ele disse: ‘nem adianta você voltar, porque já não tem mais nada. Já está tudo acabado. Nem os bombeiros estão conseguindo apagar o incêndio’”, contou.
Desde então, José entrou em contato com alguns conhecidos em busca de oportunidades de realizar pequenos serviços. “Acabou tudo, não ficou nada, ficaram só as cinzas. Acho que vou pra lá na segunda, pra dar uma limpada e ver o que ficou, porque fazer não tem o que fazer lá”.
Há dois anos, José começou a trabalhar como apicultor, após o incêndio perdeu todas as suas caixas com as abelhas. No local, havia 35 caixas com enxames e outras 8 que estavam posicionadas para formar um novo enxame. Abalado, o produtor diz que não calculou o prejuízo que teve.
Eu tô perdido, não sei o que fazer. A minha saída é trabalhar e tentar voltar, começar de novo. A casa vou tentar comprar os materiais para construir de novo. Eu vivo lá há muitos anos, desde criança, e já teve muitos incêndios, mas nunca chegou nessas proporções de chegar lá perto. Ninguém imaginava. Ninguém esperava. Nem os bombeiros conseguiram apagar”, lamentou.
O incêndio no Pantanal se alastrou de tal maneira, que o guia turístico Nadir da Silva, de 49 anos, relata que até mesmo o Hotel Ecológico da Fazenda São Francisco deixou de receber hóspedes. A suspensão das hospedagens foi ocasionada pelo risco de o fogo atingir a área.
“O incêndio está bem próximo da comunidade do Rio Salobra, um povoado que pertence à cidade de Miranda. Aqui está com muita fumaça e fuligem no momento. O calor está tão intenso que peixes estão morrendo em lagos e lagoas do Pantanal”, contou.
Seca - Realizando passeios guiados de barco, Nadir conta que notou que nem mesmo os jacarés, animais facilmente avistados nos rios pantaneiros, estão aparecendo.
Outra mudança foi realizada no trajetos dos passeios. “A água dos rios atingiram uma certa temperatura que os jacarés não precisam sair da água para se aquecer. Eu tive que mudar o meu percurso, pois o Rio Salobra está ficando inavegável. O Rio Salobra é um berçário e é proibida a pesca, sendo o lugar ideal para passeio, mas agora não posso navegar nele”, disse.
Por fotos enviadas pelo guia é possível notar que as águas do rio estão na altura das canelas dos visitantes. Nadir relata que antes da seca, o Salobra possuía a profundidade de cerca de 2 metros. “Normalmente, ele chega a cobrir todas as margens ficando só a copa das árvores fora das águas. Já tem um tempo que as águas estão assim”.
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