Funai entrega leite em pó vencido em aldeia indígena de Dourados

A Funai (Fundação Nacional do Índio) está sendo acusado pelos índios da aldeia Bororó de distribuir pacotes de leite em pó cm prazo de validade vencido em Dourados, cidade distante 233 quilômetros de Campo Grande.

Muitos tinham sido roídos por ratos, além do leite, o macarrão vence no próximo dia 19; arroz e o óleo, no próximo mês. O feijão está embalado em sacos plásticos, sem a possibilidade de identificação do prazo de validade.

A família do índio Terena, Carlos Machado, que mora na aldeia Bororó, foi uma das que recebeu as cestas básicas. “Isso é um absurdo, nem bicho bebe um leite desse. Já esta cheirando mal”.

Carlos conta que pegou o produto e levou até o médico do posto. Ele ficou horrorizado quando mostrei o saco aberto pelos ratos. “O doutor disse para não bebermos porque poderíamos ficar doente”.

A agente de saúde Maria de Fátima acredita que vários indígenas já consumiram o produto por conta da necessidade que as famílias passam dentro da Reserva de Dourados.

“Essa não é a primeira vez a comunidade reclama que as cestas estão vindo com produtos vencidos”, afirma Maria.

De acordo com o site Dourados Agora, foi até a Funai e encontrou funcionários preparando uma nova remessa de cestas que serão entregues hoje na aldeia Jaguapiru, todas estavam com o leite em pó com prazo de validade vencido.

Os alimentos ficam estocados em um galpão no prédio do órgão, onde são montadas as cestas básicas para distribuição nas nove aldeias e assentamentos que são de responsabilidade da Funai de Dourados.

O leite em pó foi entregue ao órgão há cerca de dois meses, quando ainda falta um mês para o vencimento, porém o produto só começou a ser entregue na quarta-feira, quando já estava vencido á mais de 20 dias.

A chefe regional da Funai, Maria Aparecida Mendes, confirmou que sabia que o produto estava vendido me mesmo assim autorizou a entrega. Segundo ela, recebeu a informação de que o leite em pó poderia ser consumido até um mês após o vencimento.

Quanto ao fato de vários pacotes apresentarem furos causados por ratos, a chefe do órgão confirmou que eles chegaram a ser retirados de cestas por terem sido comidos por ratos.

“Nós pegamos os produtos abertos e doamos para criadores de porcos. A Funai procurou tirou todos os produtos que tinha sido roído e fizemos a detetização do prédio para acabarmos com os roedores”, afirmou.

Para justificar as falhas, Maria Aparecida denunciou que a Funai de Dourados está sucateada e faltam funcionários para ajudar na separação dos alimentos. “O órgão não conta com o mínimo de estrutura.

Para fazermos as separações, sempre precisamos contar com a ajuda de voluntários. Dá última vez o Exército nos apoiou”, disse a chefe regional.