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Interior

Grupos sem-teto invadem área do governo e doam lotes irregularmente

Renata Volpe Haddad | 21/03/2016 11:05
Em área do Governo de Mato Grosso do Sul, lotes estão sendo doados de forma irregular. (Foto: Anderson Gallo/ Diário Corumbaense)
Em área do Governo de Mato Grosso do Sul, lotes estão sendo doados de forma irregular. (Foto: Anderson Gallo/ Diário Corumbaense)

Dois grupos ligados a movimentos sem-teto, invadiram a área de entorno da Estação de Tratamento de Água e Esgoto da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), localizado no bairro Maria Leite, em Corumbá, distante 419 km de Campo Grande. Na área que pertence ao Governo do Estado, cerca de 500 lotes estão sendo demarcados de forma irregular.

De acordo com informações do site Diário Corumbaense, no local, há lotes cercados com placas de papelões informando o nome do dono ou demarcando como área da Igreja Batista. Há outros papelões com avisos de que o lote tem dono e quem entrar, "leva bala".

Há dois meses demarcando os lotes, Geraldo Pereira de Oliveira, está à frente de um dos grupos que estão demarcando terras e afirmou que tem organizado um novo movimento intitulado MSTC (Movimento dos Sem-Teto de Corumbá).

Conforme Oliveira, o trabalho dele é medir e distribuir os lotes. “Eu via o sofrimento e a pobreza das pessoas. Eu já demarquei mais de 200 lotes para pessoas que geralmente moram em fazendas", alegou.

O líder do MSTC revelou que há pessoas com lotes demarcados que, mesmo ainda irregulares, estão vendendo e repassando a terra para terceiros usando o nome dele. “Eu já mandei parar. Tem uma mulher vendendo lote em meu nome. Um chegou aqui dizendo que estava limpando lote e vendeu para outra pessoa. Estão usando o meu nome de maneira errada”, informou. Ele contou que tem o nome de todas as famílias que estão cadastradas nos papéis dele e com terras demarcadas.

O líder denunciou ainda, que uma mulher conhecida como dona Maria, está vendendo lotes no local, para bolivianos e pessoas que tem carros de luxo. Geraldo Oliveira falou que um homem que já tinha conseguido lote duas vezes pediu um terceiro, que foi negado por ele. De acordo com o líder, o homem teria "vendido" por R$ 100 cada lote e agora que não conseguiu o terceiro, o ameaçou.

Líderes do movimento sem teto estão em área cedida para Sanesul, doando lotes sem autorização. (Foto: Anderson Gallo/ Diário Corumbaense)
Líderes do movimento sem teto estão em área cedida para Sanesul, doando lotes sem autorização. (Foto: Anderson Gallo/ Diário Corumbaense)

O corumbaense Merquíades Pereira Coelho, contou que morava há anos em São Paulo, mas devido as enchentes no Estado, precisou voltar a Corumbá, pois perdeu tudo. O homem que é casado, está desempregado e paga R$ 300 de aluguel. Merquíades conseguiu um lote, após saber da doação irregular através de um amigo que mora próximo a área invadida.

Uma mulher que conseguiu um lote e preferiu não ser identificada, relatou que mora em Corumbá e soube da doação. Ela foi até o local e conseguiu um "pedaço de terra". A mulher contou que primeiro disseram que era doação da Prefeitura de Corumbá, mas depois soube que as terras são do Governo do Estado.

Uma suposta representante do movimento foi até o local na quinta-feira (17) explicar que a terra era do Governo do Estado e que ia entrar com pedido autorizando as doações. “Eu sei que tem um cabeça grande que eu não sei quem é. A maioria das pessoas diz que não tem casa, eu estou aqui porque não tenho mesmo, mas tem gente aqui que tem”, denunciou a mulher.

Sanesul - A reportagem do Campo Grande News, entrou em contato com a Sanesul, e através da assessoria, foi informada que a estação de tratamento da Sanesul não foi invadida. A Procuradoria Geral do Estado está ciente deste fato e deve tomar as providencias cabíveis.

A reportagem ainda tentou entrar em contato com a Procuradoria Geral do Estado, mas até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.

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