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Interior

Há 1 mês em área de conflito, guarani-kaiowá ameaçam ampliar ocupação

Luciana Brazil | 13/09/2012 18:24
 Há 1 mês em área de conflito, guarani-kaiowá ameaçam ampliar ocupação
Estrada de chão leva índios até a sede da fazenda Eliane. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Os 400 índios guarani-kaiowás que estão há mais de um mês instalados nas fazendas “Eliane” e “Campina”, na região de Paranhos, na fronteira com o Paraguai, continuam tensos com a situação mesmo após a ocupação total das propriedades. Em pé-de-guerra com proprietários rurais da região, incluindo o relato de dois ataques e desaparecimento de um índio, eles dizem que vão ficar ali e ameaçam ampliar as ocupações.

“Só vamos ficar tranquilos depois que a gente tiver com as nossas terras. Agora não tem nem como”, disse uma das índias enquanto saía da sede da fazenda Eliane. Arredios e desconfiados, eles evitam as fotos.

Desde o dia da ocupação, há mais de um mês, o índio Eduardo Pires, 55 anos, está desaparecido. "Ninguém sabe o que aconteceu", disse outra índia. A Polícia Federal investiga o caso.

A terra demarcada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) seria de 7,5 mil hectares, mas atualmente os indígenas só possuem cerca de 700 hectares, de acordo com eles.

 Há 1 mês em área de conflito, guarani-kaiowá ameaçam ampliar ocupação
Na aldeia, mulheres têm aula de português no período da manhã.
 Há 1 mês em área de conflito, guarani-kaiowá ameaçam ampliar ocupação
Crianças se molham na mangueira, no pátio da escola, na aldeia Arroio-Korá.

Segundo os índios, além das fazendas já ocupadas, outras propriedades rurais também fazem parte das terras indígenas, como a fazenda Porto Domingo, que ainda não foi ocupada. “Nós queremos tudo que é nosso. Vamos lutar para isso”, destacou o índio Rafael Gonçalves, 22 anos.

A aldeia Arroio-Korá foi reconhecida, demarcada e homologada pelo Governo Federal, em 2009 como terra indígena, de acordo com a Funai. Mas os produtores rurais conseguiram suspender a decisão com uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que suspendeu o processo. Segundo a Funai este é o motivo do conflito na região.

Os nativos da aldeia Arroio-Korá não pretendem recuar e afirmam que vão continuar nas fazendas ocupadas, com possibilidade de avançar por toda extensão, que abrangerá outras propriedades. “Nós não vamos sair mais. Agora a gente já entrou e vai ficar aqui”, disse Rafael.

As lideranças do acampamento afirmam que o desejo é dar continuidade a história dos antepassados. “A gente precisa da terra para plantar e vamos criar nossos filhos aqui”, disseram em coro.

Ricardo Gonçalves, 61 anos, pai de Dionísio, o capitão da Aldeia, afirmou que os índios estão dispostos a investir na agricultura, plantando mandioca e milho. "Nós só estamos esperando a chuva e já vamos plantar".

Clima tenso: A equipe do Campo Grande News conseguiu chegar até a fazenda onde os índios estão acampados, mas não foi possível entrar na propriedade. A tensão está estampada no rosto das lideranças e a desconfiança diante da reportagem impossibilitou um contato maior com índios.

Porém, na aldeia o clima é mais amigável.

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