Homem é condenado a 12 anos de prisão por espancar cabeleireiro
José Alexandre Trindade Neto não compareceu ao julgamento e poderá recorrer em liberdade
Apesar de não comparecer ao julgamento no último dia 6 de setembro, José Alexandre Trindade Neto, de 27 anos, foi condenado a 12 anos de prisão por tentar matar o cabeleireiro Caio Henrique da Cruz Lopes. O crime aconteceu na madrugada do dia 10 de janeiro de 2017 na Praça Ramez Tebet, em Três Lagoas, cidade a 327 quilômetros de Campo Grande.
De acordo com a denúncia, Caio estava na praça com alguns amigos e decidiu ir ao banheiro, momento em que foi abordado por José, acompanhado por um homem não identificado, que pediu o isqueiro emprestado. A vítima pediu o objeto de volta e, sem motivos aparentes, acabou sendo espancada com chutes e socos.
Em seguida, Caio foi arrastado pelos pés e foi ameaçado por José, que ainda o ofendeu por ser homossexual. Eles novamente entraram em luta corporal e foi novamente agredido com pauladas e capacitadas. A vítima se fingiu de morta e algumas pessoas em situação de rua começaram a gritar para que os agressores parassem.
A dupla foi embora levando a motocicleta da vítima, que foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em estado grave. Caio, na época, afirmou que acreditava ter sido agredido por ser homossexual. Eles foram denunciados pela tentativa de homicídio qualificada e por ameaça.
Em audiência, Caio prestou depoimento por videoconferência e a versão foi aproveitada durante o julgamento para que a vítima não precisasse novamente contar sua versão dos fatos. Na ocasião, ele relatou que no dia do crime ele não foi ameaçado, mas sim induzido pelos homens que pediram o isqueiro e depois o chamaram para ir até o outro lado do local e acabou sendo espancado pelo amigo de José.
“Emprestei o isqueiro na praça de bom grado e depois eles me chamaram para o outro lado, onde fica o pessoal usando droga. Eu parei no portão e gritei para ele devolver o isqueiro, mas ele me chamou para ir até o fundo e eu, na inocência, fui”, disse o cabeleireiro.
Ao ser questionado sobre o que aconteceu depois, Caio começou a chorar e afirmou que ouviu os homens perguntando se ele estava com dinheiro ou carteira, em seguida, começaram a procurar a chave da motocicleta que estava pendurada no pescoço dele.
“Eles, então, foram me batendo até eu desmaiar. O outro disse 'tem um pedaço de concreto aqui, depois que a gente matar a gente enterra'. Foi onde começou a tortura. O amigo do José mandou ele distorcer minha cara para que eu não fosse reconhecido e então começaram novamente a me espancar e só pararam quando eles descobriram que a chave estava no meu pescoço”, relatou Caio.
Muito emocionado, ele contou que os homens decidiram enterrá-lo e começaram a jogar concreto por cima dele. “Eu falei para eles pararem de me bater, que todo mundo me conhecia e minha irmã, mas eu desmaiava o tempo todo porque era muita porrada. Eles bateram com o concreto na minha cabeça”, detalhou aos prantos. O depoimento durou cerca de 15 minutos.
José foi reconhecido pela própria vítima durante uma acareação. Ele não compareceu ao júri e respondia ao processo em liberdade. Por maioria de votos, o Conselho de Sentença decidiu por condená-lo. Com isso, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos o sentenciou a 12 anos, dez meses e cinco dias de prisão em regime fechado.
No entanto, como o acusado já estava solto, determinou que ele recorra da sentença em liberdade. O julgamento durou quase quatro horas. O outro envolvido não foi identificado.
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