“Índio tem que trabalhar e ganhar dinheiro”, diz ministra Damares Alves
De novo sem ir a aldeias, ministra lança em Dourados projeto de proteção a crianças e adolescentes indígenas
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves disse hoje (28) que os índios precisam trabalhar e ganhar dinheiro. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva em Dourados, a 233 km de Campo Grande, onde ela lança projeto-piloto para proteger crianças e adolescentes indígenas da violência.
Planejada após o estupro coletivo e assassinato de uma menina de 9 anos de idade em 2021 na Aldeia Bororó, a ação vai reunir oito ministérios e terá apoio do Governo de Mato Grosso do Sul e da Prefeitura de Dourados.
Damares conversou com jornalistas antes de começar a audiência pública, no auditório da Unigran, e falou do projeto elaborado para atender comunidades indígenas também no Mato Grosso e Roraima.
“A ação passa por diversas áreas. Eu não posso falar de criança sem falar da mãe da criança. Já vem junto também a Casa da Mulher Brasileira, para atender casos de violência contra a mulher indígena. Também vamos trazer ações para o idoso indígena e capacitação do jovem para o mercado de trabalho. Índio tem que ganhar dinheiro, tem que trabalhar”, afirmou Damares.
A ministra não quis informar o valor total a ser investido no projeto por também envolver outros ministérios, mas disse que o dinheiro para o início das ações já está garantido. “A gente começa imediatamente. O plano passa pela área da saúde, da educação e área do esporte, vamos fazer trabalho de impacto”, prometeu Damares, complementando que o projeto será experiência para o País.
Além da Reserva Indígena de Dourados, formada pelas aldeias Bororó e Jaguapiru e ocupada por índios guararani-kaiowá e terenas, as ações serão feitas em área xavante em Barra do Garças (MT) e numa área ianomâmi em Roraima. “Vamos mudar a política de atendimento à criança e ao adolescente indígena no Brasil”.
Entre as autoridades presentes na audiência pública estão o prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) e a secretária estadual de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho Elisa Nobre, que representa o governador Reinaldo Azambuja.
Longe da aldeia – Assim como ocorreu em agosto do ano passado, na primeira vez que esteve em Dourados para acompanhar o drama dos povos indígenas, Damares Alves não pisou nas aldeias. Ela disse que seguiu protocolo por causa do aumento do contágio pela covid-19.
“Quando a gente veio estava na pandemia. A pandemia diminuiu, mas agora, novamente por causa dessa onda da ômicron, estamos sendo orientados pelos agentes sanitários para não ir até a área. Mas vocês vão me ver muito aqui, já até falei para o prefeito arrumar uma casinha para mim”, disse a ministra.