Juiz nega liberdade a empresário que ‘metia arma na cara’ de concorrente
Dois comerciantes que tiveram pedido de liberdade negado foram flagrados com armas na operação do Gaeco e um deles está condenado por matar revendedor de gás, em 2016
A justiça negou liberdade aos comerciantes Rubens Pretti Filho e Mauro Victol, presos na semana passada juntamente com outros seis empresários acusados de integrar um cartel de gás de cozinha em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Dois acusados – Gregório Artidor Linné e Edvaldo Romera de Souza – ganharam a liberdade ontem (3).
Ao indeferir o pedido de revogação da prisão preventiva, o juiz da 1ª Vara Criminal de Dourados Luiz Alberto de Moura Filho acatou o argumento de que Victol e Rogério são os mais atuantes na organização criminosa, com alto poder de persuasão e que usavam de ameaças contra os concorrentes.
Além disso, os dois foram flagrados por porte ilegal de arma durante a Operação "Laisse Faire", feita pelo Ministério Público em Dourados com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), na terça-feira passada.
Arma na cabeça – O parecer do Ministério Público contrário à liberdade de Rubens Pretti Filho cita uma conversa telefônica interceptada durante as investigações em que o empresário narra ter ameaçado outro comerciante do setor durante uma reunião para combinação de preços do gás de cozinha, em 2016.
“Meti o revólver na cara dele aqui. Eu não atirei nele por causa da minha funcionária”, afirmou Rubens em conversa com Rogério dos Santos de Almeida, comerciante de gás de Nova Andradina, que também está preso.
“Rubens é uma das pessoas mais importantes, influentes, emocionalmente instáveis e perigosas na combinação de preços de GLP na região de Dourados, conforme destaca-se do volumoso número de ligações telefônicas onde combina preços, divide territorialmente o mercado, além de participar ativamente de reuniões, e revelar a predileção por armas de fogo e uso de meios agressivos para a resolução de conflitos”, afirma o promotor Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior ao se manifestar sobre o pedido de liberdade.
O caso está em segredo de justiça, mas o Campo Grande News teve acesso hoje (4) aos pedidos de liberdade apresentados pelos advogados, ao parecer do Ministério Público e às decisões do juiz da 1ª Vara Criminal.
Homicídio – Cumprindo pena em regime aberto por matar outro vendedor de gás em 2016 por desavenças comerciais e por porte ilegal da arma usada no crime, Mauro Victol foi flagrado com um revólver calibre 38. Já Rubens Pretti Filho tinha uma pistola calibre 380 com dois carregadores, cada um com 30 munições.
Mauro Victol é outro apontado como de grande influência no cartel do gás, segundo as investigações. Ele atuava em Dourados, Aquidauana e Corumbá, conforme os autos. Além de crime contra a ordem econômica, os empresários são acusados de cartelização de preços e de organização criminosa.
Segundo o MP, na condição de fornecedor atacadista, Mauro Victol controlava, através de intensa vigilância, os preços e comportamentos comerciais de seus pontos de venda e o comportamento comercial de outros agentes no mercado.
“Mauro desempenha papel central no ajuste de preços entre os comerciantes de GLP em Dourados. Possui grande poder de comando nos ajustes, dialoga com frequência com outros investigados e até mesmo intimida os que eventualmente propõem uma forma diferente de organizar a padronização de preços”, diz trecho do parecer contrário à revogação da prisão.
Outros presos - Márcio Sadão Kushida, dono da Nippon Gaz, também pediu revogação da prisão preventiva, mas o juiz ainda não se manifestou. Também estão presos Rogério dos Santos de Almeida, da distribuidora Supergabrás em Nova Andradina, e César Meirelles Paiva da Paivinha Gás, em Dourados.