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Interior

Justiça determina fiança de R$ 80 mil para libertar sucessor de "Minotauro"

"Salinas Riguaçu" foi preso após briga de trânsito e juiz considerou que não há provas anexadas sobre ligação com PCC no flagrante

Silvia Frias | 23/01/2020 12:39
No boletim de ocorrência, Edson Barbosa Salinas figura como agricultor; para a polícia, uma liderança do PCC (Foto/Divulgação)
No boletim de ocorrência, Edson Barbosa Salinas figura como agricultor; para a polícia, uma liderança do PCC (Foto/Divulgação)

O juiz Marcelo Guimarães Marques, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã, arbitrou fiança de R$ 80 mil para conceder liberdade a Edson Barbosa Salinas, 32 anos, preso no domingo (19) após briga de trânsito em Ponta Porã, a323 quilômetros de Campo Grande.

Embora o boletim de ocorrência conste que Edson é agricultor, para a polícia, ele é conhecido como “Salinas Riguaçu”, apontado como sucessor do narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, um dos reis do tráfico e liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital).

A decisão foi dada hoje, conforme andamento do flagrante no dia 19, depois da briga de trânsito, por volta das 22h, na Avenida Brasil.

Segundo boletim de ocorrência, Edson foi preso por policiais da Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), que participam das buscas pelos foragidos do Presídio de Pedro Juan Caballero na fronteira de Mato Grosso do Sul.

Os policias o viram na rua, armado com pistola calibre 380, discutindo com Fábio Lopez Vilhalva, 23 anos, este, com pistola calibre 9 mm. Além deles, também foi preso o cunhado e comparsa de Edson, Rodrigo Antunes Flores, 28 anos, que dirigia a Toyota SW4 e, segundo os policiais, em visível estado de embriaguez.

Na delegacia, Edson e o cunhado disseram que o motorista do Gol emparelhou com a SW4, apontou uma arma para eles e fugiu. Após perseguição, a briga evoluiu para ameaças, mas foi interrompida pela polícia.

Fábio alegou que começou a ser seguido depois de forçar ultrapassagem. No carro com ele estavam a mulher, a cunhada e dois filhos de, 3 e 2 anos. Pouco antes de a polícia chegar, a família diz que ameaçada por Edson. Testemunhas relataram que Salinas gritava que “eles não sabiam com quem estavam mexendo” e chegou a mostrar uma foto no próprio celular para provar ter matado gente importante.

Rodrigo foi indiciado por ameaça, porte ou posse ilegal de arma e condução de veículo sob efeito de álcool; Edson e Fábio por ameaça e porte de arma ilegal.

Armas e dinheiro apreendidos durante abordagem policial (Foto/Divulgação)
Armas e dinheiro apreendidos durante abordagem policial (Foto/Divulgação)

A audiência de custódia foi adiada para hoje, depois da transferência de Edson e Rodrigo do presídio de Ponta Porã para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados), a pedido da polícia, que temia por plano de resgate. “Salinas Riguaçu” seria o sucessor de Minotauro, este, uma das novas lideranças do PCC, que despontou após a morte de Jorge Rafaat, ocorrida em junho de 2016. Minotauro está preso em Balneário Camboriú (SC).

O magistrado desconsiderou o pedido de prisão preventiva formulado pela Polícia Civil, que apontava a periculosidade de Edson. “A repercussão do caso ocorreu porque há notícia de que Edson seria um importante líder local de facção criminosa. O flagrante, todavia, não guarda sequer mínima relação com esse tipo de crime”, disse, seguindo a mesma a avaliação do MPMS (Ministério Público de MS).

Segundo o juiz, também não há materialidade da embriaguez ao volante e das ameaças relatadas por Edson e Fábio, restando apenas o porte ilegal de arma, com pena inferior a quatro anos.

Por isso, concedeu liberdade a Fábio Vilhalva e determinou pagamento de R$ 40 mil em fiança para Rodrigo Flores e R$ 80 mil para “Salinas Riguaçu”, o dobro do arbitrado para o cunhado dele. “Justifico o valor elevado porque afirma possuir três empregos e aparenta ostenta riqueza tanto que tinha em espécie cerca de R$ 17.000,00 em espécie”, referindo-se aos US$ 4,2 mil e R$ 1 mil em espécie encontrados na SW4. O dinheiro ficará retido para averiguar se é produto do crime.

No andamento do inquérito não consta ainda o pagamento dos valores.

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