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Interior

Mesmo com policiais "na folha" da máfia, PM bate recorde em apreensões

Balanço divulgado hoje mostra apreensão de 15.280 maços de cigarro pela PM em Dourados no ano passado, aumento de 664%

Helio de Freitas, de Dourados | 10/01/2019 17:02
Carga de cigarro paraguaio apreendida pela PM em Vila Vargas, em agosto do ano passado (Foto: Divulgação)
Carga de cigarro paraguaio apreendida pela PM em Vila Vargas, em agosto do ano passado (Foto: Divulgação)
Joacir Ratier de Souza, PM douradense empregado de contrabandistas está preso (Foto: Arquivo)
Joacir Ratier de Souza, PM douradense empregado de contrabandistas está preso (Foto: Arquivo)

O comando do 3º Batalhão da Polícia Militar informou hoje (10) que as apreensões de cigarro contrabandeado do Paraguai foram recordes em 2018 no município de Dourados, a 233 km de Campo Grande, onde integrantes da corporação estavam na folha de pagamento de contrabandistas da fronteira.

Segundo a assessoria de imprensa do batalhão, de janeiro a dezembro do ano passado foram apreendidos 15.280 maços de cigarro contrabandeados, aumento de 664% em relação a 2017.

O resultado pode ser considerado surpreendente, já que investigações feitas durante a Operação Nepsis, da Polícia Federal, descobriram ligações de PMs douradenses com a Máfia do Cigarro, conforme revela a série de reportagens publicada pelo Campo Grande News nas últimas semanas.

Documentos obtidos com exclusividade – o caso está em segredo de justiça – revelam que o policial militar Joacir Ratier de Souza, lotado em Dourados e preso na operação do dia 20 de setembro, era funcionário de um dos patrões do contrabando na fronteira, o ex-PM Fábio Costa, o “Pingo”.

Ratier era pago para garantir a passagem das carretas com cigarro e para isso cooptava colegas de farda, a quem repassava a propina enviada pelos patrões.

Ele foi preso pela PF em abril de 2018 com R$ 94 mil. O dinheiro estava em envelopes identificados com codinomes “P2 Peixe”, “Douradina” e “Escala Bug”.

Segundo a investigação, “P2” é a segunda seção da PM (serviço reservado), “peixe” é o codinome para Dourados, “Douradina” é uma referência aos policiais lotados na cidade de mesmo nome e “escala Bug” seria o codinome usado para tratar das propinas pagas para manipular a escala de serviço da Polícia Militar.

Na decisão em que decretou a prisão preventiva da quadrilha, a juíza federal substituta da 2ª Vara Federal em Ponta Porã, Dinameme Nascimento Nunes, cita que parte do dinheiro apreendido com Joacir Ratier era separado para que os serviços de escala de policiais “bons” e “ruins” fossem ordenados de modo a favorecer a organização.

Outras apreensões – O balanço da PM revela ainda que no ano passado o 3º BPM apreendeu 77 armas de fogo, recuperou 208 veículos com queixa de roubo ou furto, prendeu 499 pessoas com mandado de prisão e desarticulou 120 pontos de venda e distribuição de drogas.

A corporação ainda apreendeu 13,7 toneladas de maconha, sete quilos de cocaína, 4,5 quilos de pasta base de cocaína, dois quilos de crack e 6,5 quilos de haxixe. A apreensão de maconha aumentou 62% em comparação a 2017. Foram 706 pessoas presas e flagrante e 1.037 detenções que resultaram na assinatura de um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência).

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